Há três anos, Abraham vive em um campo de deslocados no Norte da Nigéria, juntamente com a esposa e os três filhos. Os cristãos precisaram fugir de sua comunidade após um ataque de extremistas fulani. Além da vila devastada, os jihadistas mataram oito pessoas, incluindo o irmão de Abraham.
Forçados a fugir
O acampamento está esquecido pelas autoridades e há falta de alimentos e condições precárias. “Não havia nenhum lugar para onde fugir. Mesmo se corresse, não conseguiria fugir. Eu corri e caí em um fosso com muitas folhas, que acabaram me escondendo. Mesmo com lanternas, não puderam me ver, por isso minha vida foi poupada”, lembra Abraham.
O cristão e os demais moradores de sua aldeia fugiram, juntando-se a seus parentes que já haviam se deslocado. Ao chegarem ao campo de deslocados em Ichwa, ele e os outros sobreviventes tomaram conhecimento dos eventos que culminaram no ataque à sua comunidade. “Quando chegamos, soubemos que as pessoas que nos atacaram queriam tomar nossa terra à força. A agenda deles é nos islamizar e esse é o principal motivo por que estávamos sendo mortos. Até aceitarmos a agenda deles, juraram matar cada um de nós”, disse.
O deslocamento e suas consequências
Quando os cristãos são desalojados, perdem tanto seus lares, quanto as esperanças para o futuro: “Meus filhos não podem mais ir à escola porque não planto mais. Era com a plantação que conseguíamos sobreviver e pagar as mensalidades de nossos filhos. Por estarmos neste campo, ficamos muito limitados”.
Além do impacto na educação e na renda, há a perda de bens materiais, a desestruturação de famílias, comunidades e igrejas. Grupos extremistas expandem seu domínio sobre as terras confiscadas.
Outras consequências são as sequelas emocionais e espirituais, como trauma, luto, questionamentos sobre a fé e as implicações disso para a presença da igreja na região, tanto a curto quanto a longo prazo.
Para Abraham, a prioridade é sobreviver a cada dia. “Quatro dias atrás, não tínhamos comida. Quando ficou difícil suportar, saí para ajudar em uma plantação de batata doce. Quando voltei, minha esposa estava caída no chão de tanta fome. Ela ficou doente e só voltou a se sentar ontem”, conta.
“Lutamos para permanecermos vivos. A vida no campo é muito difícil, pois não temos qualquer trabalho. Se continuarmos assim, seremos forçados a nos mudar para não sermos atacados. Quando não recebemos comida de pessoas ou organizações, conseguimos apenas trabalhos mal pagos e usamos o dinheiro que recebemos para comprar comida e suprimentos”, lamenta.
Fé em ação
Abraham também compartilhou sobre como o sofrimento afeta sua fé: “Às vezes, sinto que posso falar com Deus, mas quando o sofrimento se intensifica, encontro dificuldade para falar com ele. Entretanto, sempre que olho o pouco que tenho, eu o agradeço. Mesmo quando estou fraco e cansado da vida, digo: ‘Deus é dono de tudo, ele nos ajudará e fará seguir em frente’”, compartilha.
Felizmente, parceiros locais da Portas Abertas iniciaram o fornecimento de ajuda para as necessidades mais urgentes daqueles que se encontram nos campos de deslocados. O impacto desse apoio na vida de Abraham e de muitos outros é imenso, tanto no aspecto prático quanto no espiritual.
“Quando eu disse que vocês estavam vindo nos visitar, eles ficaram muito animados por causa da ajuda que vocês têm nos dado. Vocês nos ajudaram muito com saco de milho, arroz, garri (um tipo de farinha) e óleo. Sua última visita realmente nos ajudou e não precisamos comprar comida por cerca de três meses. Famílias com muitos membros comeram por aproximadamente dois meses”, celebra Abraham.
“As dificuldades são diversas em campos de deslocados, mas a presença dos irmãos na fé encoraja a todos. Vocês sempre nos perguntam se estamos bem e quais são nossos problemas. Só isso nos faz felizes e sabemos que Deus está nos ajudando”, conta.
Abraham agradece em nome de todos os cristãos apoiados em seu acampamento. “A ajuda realmente nos beneficiou e aliviou. Os alimentos que recebemos mostram que cristãos de todo mundo se importam e se lembram de nós. Isso nos fez muito felizes. A Portas Abertas está ajudando não apenas a mim, mas a todos nós, e isso alegra meu coração”, conclui.
Socorra cristãos deslocados
Além de orar, você pode agir para socorrer cristãos deslocados como Abraham. Faça uma doação e garanta socorro emergencial, cuidados pós-trauma e apoio espiritual aos nossos irmãos.