Um novo conflito global já está em andamento, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, a estudantes em um fórum de educação para jovens na província de Moscou na segunda-feira.
“Muitos cientistas políticos, acadêmicos e especialistas estão começando a falar seriamente sobre o fato de que a Terceira Guerra Mundial não é apenas inevitável, mas já está acontecendo de novas formas, começando com a agressão do Ocidente contra a Iugoslávia em 1999, a agressão contra o Iraque, a destruição da Líbia e o ataque à Síria”, disse Lavrov.
“Todos esses países do Oriente Médio estão em uma situação alarmante, porque sua integridade territorial, que tanto preocupa o Ocidente apenas no caso da Ucrânia, foi seriamente prejudicada no Iraque, na Síria e na Líbia em 2011, durante a chamada Primavera Árabe. Esses países ainda estão em estado de desintegração”, denunciou o ministro das Relações Exteriores da Rússia.
“E agora o Ocidente mudou sua atenção para a região vizinha, que inclui a Faixa de Gaza e os territórios palestinos como um todo. Houve uma agressão contra a República Islâmica do Irã. Na Europa, a questão ucraniana é, obviamente, uma manifestação da posição ocidental de infligir uma derrota estratégica à Rússia, como dizem. Eles não têm vergonha de confirmar que estão se preparando para isso há algum tempo”, continuou ele.
Segundo o chefe da diplomacia russa, o Ocidente “não pode simplesmente se tornar uma das grandes e poderosas regiões de um mundo multipolar”. “Não pode renunciar à hegemonia de que desfruta há meio milênio. E isso é especialmente verdadeiro agora na Europa, onde eles querem subordinar tudo e todos à sua vontade. E eles não querem levar em conta considerações puramente pragmáticas”, observou ele.
Nesse contexto, Lavrov propôs a criação de um sistema de segurança na Eurásia que seja “pancontinental, aberto a todos os países do continente”. “Agora, como você vê, o presidente [Donald] Trump não está particularmente interessado em manter um papel especial na Europa; considera que a Europa deve resolver os seus próprios problemas, sejam eles de segurança ou de desenvolvimento económico. […] Portanto, a arquitetura de segurança da Eurásia está batendo à porta”, disse ele.
“Muito o que fazer”
Em primeiro lugar, o ministro enfatizou o papel da União Europeia no confronto com a Rússia. “Mesmo durante a Guerra Fria, o diálogo sempre se desenvolveu e permitiu que os lados opostos entendessem melhor as intenções uns dos outros. Primeiro, para evitar uma grande guerra. Esse instinto se perdeu na Europa. Assim como a vacina contra o nazismo não é mais eficaz. As mesmas forças que queriam destruir a Rússia estão ressurgindo na Europa”, continuou Lavrov.
Em grande medida, é uma luta para manter o poder, acredita o chanceler. “[Os europeus] entendem que essas centenas de bilhões de euros foram investidos na Ucrânia para que ela pudesse derrotar a Rússia, matar nossos soldados, organizar ataques terroristas à infraestrutura civil e enviar assassinos para destruir nossos políticos e jornalistas […] com um único objetivo: usar os ucranianos como bucha de canhão para eliminar a Rússia como concorrente”, detalhou.
A esse respeito, Lavrov enfatizou que a Rússia tem “muito a fazer”. “O mais importante, é claro, é derrotar o inimigo. Pela primeira vez na história, a Rússia está lutando contra todo o Ocidente sozinha. Na Primeira Guerra Mundial e na Segunda Guerra Mundial, tivemos aliados. Agora não temos aliados no campo de batalha. Portanto, devemos confiar em nós mesmos. Não devemos permitir nenhuma fraqueza ou negligência”, enfatizou.