O secretário de Estado, Marco Rubio, criticou duramente os esforços internacionais para reconhecer unilateralmente um Estado palestino, descartando os movimentos recentes dos principais aliados dos EUA, incluindo Canadá, França e Reino Unido, como contraproducentes e, em última análise, sem sentido.
Em uma entrevista à Fox News, Rubio desafiou os 140 chefes de Estado que ameaçaram reconhecer ou já reconheceram o Estado palestino, argumentando que eles “não podem nem dizer onde está esse Estado palestino” ou “quem o governará”. O secretário enfatizou que tais esforços de reconhecimento são fundamentalmente falhos porque “nenhum desses países tem a capacidade de criar um Estado palestino”.
O ponto central do argumento de Rubio é o princípio de que um Estado sustentável deve emergir por meio de um acordo negociado, e não de uma declaração unilateral. “Não pode haver Estado palestino a menos que Israel concorde com isso”, afirmou Rubio, refletindo a política de longa data dos EUA que ecoa os compromissos assumidos sob a estrutura dos Acordos de Oslo.
Os Acordos de Oslo, assinados na década de 1990, estabeleceram o princípio de que as questões de status final – incluindo o Estado palestino – devem ser resolvidas por meio de negociações diretas entre israelenses e palestinos. Essa estrutura exige que qualquer Estado palestino surja como resultado de um acordo negociado, e não por meio do reconhecimento unilateral por terceiros.
Rubio expressou preocupação particular com o fato de que os esforços de reconhecimento internacional estão encorajando o Hamas e minando as negociações de cessar-fogo. Ele argumentou que o grupo terrorista vê o apoio internacional como validação de sua estratégia.
“No final do dia, o Hamas está sentado lá dizendo: estamos vencendo a guerra de relações públicas. Temos todos esses países se alinhando do nosso lado desse argumento. Temos alavancagem agora”, explicou Rubio. Ele alertou que essa dinâmica dá ao Hamas incentivo para rejeitar acordos de cessar-fogo, sabendo que o reconhecimento do Estado palestino ocorrerá independentemente em setembro.
O secretário caracterizou a situação como recompensadora do terrorismo, observando que “o lado do Hamas é o lado do Estado palestino” e argumentando que o reconhecimento serviria como recompensa pelas ações do grupo terrorista.
Coincidindo com as declarações de Rubio, o Departamento de Estado anunciou novas sanções de visto contra funcionários da Autoridade Palestina e membros da Organização para a Libertação da Palestina. As restrições, autorizadas pela lei existente nos EUA, têm como alvo indivíduos acusados de “minar as perspectivas de paz” e “continuar a apoiar o terrorismo”.
As sanções citam especificamente os esforços palestinos para “internacionalizar seu conflito com Israel” por meio de órgãos como o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Internacional de Justiça, bem como a continuação do controverso programa “pay-for-slay” da Autoridade Palestina que fornece apoio financeiro a terroristas e suas famílias.
O governo Trump mais amplo expressou forte oposição aos planos de reconhecimento. O presidente Trump escreveu no Truth Social que “a maneira mais rápida de acabar com as crises humanitárias em Gaza é o Hamas RENDER-SE E LIBERTAR OS REFÉNS”, enquanto a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump “expressou seu descontentamento e desacordo” com os líderes da França, Reino Unido e Canadá.
O governo vê o momento do reconhecimento como particularmente problemático, ocorrendo enquanto os reféns israelenses permanecem em cativeiro do Hamas e as negociações de cessar-fogo continuam.
Rubio também criticou a cobertura da mídia internacional, particularmente destacando a BBC pelo que ele caracterizou como reportagens tendenciosas. Ele argumentou que “95% de sua cobertura é sobre o quão mau, em sua narrativa, Israel é”, enquanto paga “muito pouca cobertura” aos reféns e suas famílias.
O secretário enfatizou que os meios de comunicação não conseguem capturar “o sofrimento de 20 pessoas que vivem em túneis agora, feitas reféns pelo Hamas”, argumentando que essa cobertura desequilibrada contribui para uma narrativa anti-Israel que encoraja o Hamas.
A posição dos EUA reflete décadas de precedentes diplomáticos estabelecendo que a paz duradoura requer acordos negociados entre as próprias partes. Esse princípio, embutido na estrutura de Oslo e nas iniciativas de paz subsequentes, sustenta que o reconhecimento externo não pode substituir o acordo direto entre israelenses e palestinos em questões de status final.
As declarações de Rubio reforçam essa abordagem tradicional, ao mesmo tempo em que argumentam que os esforços de reconhecimento prematuro na verdade atrapalham, em vez de ajudar, as perspectivas de paz, removendo os incentivos para o Hamas se envolver construtivamente nas negociações.
Israel se opõe aos pedidos de cessar-fogo com o Hamas principalmente por causa da experiência passada que mostra que o grupo terrorista explora rotineiramente o cessar-fogo para se reagrupar, rearmar e se preparar para novos ataques. Por mais de uma década, Israel firmou vários acordos de cessar-fogo com o Hamas – muitas vezes intermediados pelo Egito ou pelas Nações Unidas – apenas para vê-los violados repetidamente pelo Hamas. Exemplos notáveis incluem a guerra de Gaza de 2014 (Operação Margem Protetora), durante a qual o Hamas quebrou vários cessar-fogos humanitários, muitas vezes usando as calmarias nos combates para lançar foguetes, reposicionar combatentes e construir sua infraestrutura de túneis. Nos anos que se seguiram, o Hamas continuou a disparar foguetes contra civis israelenses, mesmo durante supostas tréguas, levando muitos israelenses a ver os cessar-fogos não como passos em direção à paz, mas como pausas táticas temporárias usadas pelo Hamas para se recuperar e se preparar para a próxima rodada de violência.
O exemplo mais devastador do desrespeito do Hamas pelos cessar-fogos foi em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um massacre transfronteiriço sem precedentes contra civis israelenses, quebrando um período de relativa calma com um ataque surpresa que matou mais de 1.200 pessoas e desencadeou a guerra atual. Essa traição de aparente calma confirmou para muitos israelenses que o Hamas não é um parceiro para a paz, mas um inimigo persistente e enganoso. Os apelos por um cessar-fogo hoje, neste contexto, são vistos não apenas como prematuros, mas como potencialmente perigosos – uma tábua de salvação diplomática que poderia permitir que o Hamas sobrevivesse, se reagrupasse e atacasse novamente. Para Israel, a verdadeira paz requer o desmantelamento das capacidades militares do Hamas – não outro ciclo de violência e tréguas temporárias.
Além da reação política, especialistas jurídicos levantaram sérias questões sobre a validade de uma declaração unilateral de um Estado palestino sob o direito internacional.
Uma das maiores contradições legais na pressão pela criação de um Estado palestino decorre da definição única da UNRWA de refugiados palestinos.
Ao contrário da definição universal de refugiado da ONU, que se aplica apenas a indivíduos de primeira geração deslocados por conflitos, a UNRWA classifica os palestinos como refugiados perpetuamente, com o status herdado ao longo de gerações – mesmo para aqueles que nunca viveram em Israel pré-1948 ou em seus territórios vizinhos.
Isso cria um paradoxo legal:
se a maioria dos palestinos – incluindo os de Gaza e da Judéia e Samaria – se identifica como refugiados apátridas, como eles podem reivindicar simultaneamente a cidadania em um Estado palestino soberano?
De acordo com o direito internacional, um Estado deve ter:
- Um território definido
- Uma população permanente
- Um governo funcional
- A capacidade de entrar em relações exteriores
A identidade de refugiado, sustentada e expandida por meio da UNRWA, mina a permanência da população e a identidade política necessária para a soberania.
Os críticos também apontam para a inconsistência histórica do Reino Unido nas reivindicações territoriais palestinas. De 1948 a 1967, a Jordânia ocupou ilegalmente a Judéia e Samaria, uma ocupação reconhecida apenas pelo Reino Unido e pelo Paquistão, apesar de violar as normas internacionais e o Plano de Partilha da ONU.
Durante este período, a Jordânia anexou o território, negou o acesso judaico a locais sagrados em Jerusalém e destruiu a infraestrutura religiosa judaica. O reconhecimento do Reino Unido dessa ocupação ilegal contrasta fortemente com sua posição atual contra os assentamentos israelenses nas mesmas áreas.
Esse precedente histórico levanta outras questões: se a Grã-Bretanha estava disposta a reconhecer a ocupação ilegal da Jordânia, por que agora está tratando o controle israelense – mesmo em áreas com reivindicações históricas e legais claras – como ilegítimo?