Três aviões de combate MiG-31 russos violaram o espaço aéreo da Estônia nesta sexta-feira (19), segundo o governo do país, e permaneceram em sobrevoo por cerca de 12 minutos. A intrusão provocou reações imediatas da Otan e da União Europeia. Segundo as Forças Armadas da Estônia, os MiG “não tinham plano de voo e seus transmissores estavam desligados”.
“A Rússia já violou o espaço aéreo estoniano quatro vezes este ano, o que já é inaceitável por si só, mas a violação de hoje, com três aviões de combate que entram em nosso espaço aéreo, é de uma audácia sem precedentes”, declarou o ministro das Relações Exteriores do país, Margus Tsahkna. De acordo com ele, os caças passaram sobre o Golfo da Finlândia.
“É preciso responder aos controles cada vez mais rigorosos nas fronteiras e à agressividade da Rússia reforçando rapidamente a pressão política e econômica”, acrescentou. O governo estoniano informou que convocou o mais alto diplomata russo presente no país para consulta.
A Itália, que desde agosto é responsável pela “polícia do ar” da organização nos países bálticos, imediatamente fez decolar seus caças F-35 para interceptar os aparelhos russos.
A Otan denunciou um “novo exemplo de comportamento perigoso da Rússia”, de acordo com sua porta-voz, Allison Hart. “Mais cedo hoje, caças russos violaram o espaço aéreo da Estônia. A OTAN reagiu imediatamente e interceptou os aviões russos”, escreveu ela, na plataforma X.
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, denunciou nesta sexta-feira uma “provocação extremamente perigosa”, em uma mensagem no X. “Esta é a terceira violação do espaço aéreo da UE em poucos dias e aumenta ainda mais as tensões na região”, declarou. As violações anteriores ocorreram em 13 de maio, 22 de junho e 7 de setembro.
Moscou havia enviado um caça ao espaço aéreo da Otan sobre o Mar Báltico para tentar interceptar um petroleiro com destino à Rússia. O navio é considerado parte de uma “frota fantasma” que desafia as sanções ocidentais.
Drones na Polônia
A violação do espaço aéreo da Estônia ocorre após a entrada de um drone russo no espaço aéreo romeno, no sábado (13). O país, membro da UE e da Otan enviou dois caças F-16 e monitorou o aparelho até sua a saída do radar. O embaixador da Rússia no país, Vladimir Lipayev, foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores romeno.
O Ministério da Defesa romeno informou que o drone não sobrevoou áreas habitadas nem representou uma ameaça iminente para a população.
Outro incidente ocorreu na noite de 9 para 10 de setembro, quando mais de 20 drones russos entraram no espaço aéreo polonês. Varsóvia abriu uma investigação para determinar a natureza do projétil que atingiu uma casa durante o incidente.
De acordo com a imprensa polonesa, uma casa danificada na vila de Wyryki, no leste foi, na verdade, atingida por um míssil ar-ar AIM-120 AMRAAM, disparado por um caça F-16 da força aérea polonesa.
“A investigação está em estágio preliminar e é preciso aguardar a opinião dos especialistas para determinar que tipo de armamento danificou essa casa”, declarou a porta-voz da Procuradoria Nacional, Anna Adamiak.
“Responsabilidade é de Moscou”
De acordo com o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, independentemente das circunstâncias, a responsabilidade recai primeiramente sobre Moscou.
“Toda a responsabilidade pelos danos causados à casa em Wyryki cabe aos autores da provocação com drones, ou seja, à Rússia”, insistiu Donald Tusk na plataforma X. “Todas as circunstâncias do incidente serão comunicadas ao público, ao governo e ao presidente pelos serviços competentes, após o fim da investigação”, acrescentou.
A Polônia, país membro da OTAN, e seus aliados mobilizaram aviões e outros aparelhos para conter a intrusão dos drones, que acabaram sendo abatidos ou recuperados, principalmente no leste e centro do país, sem deixar feridos. Os danos à casa em Wyryki foram os únicos oficialmente registrados durante essas intrusões.
Fonte: RFI.