O Conselho de Segurança da ONU aprovou a retomada das sanções contra o Irã por seu programa nuclear.
O que aconteceu
Reino Unido, França e Alemanha acusaram Teerã de violar acordo. Os três países europeus, que formam o grupo E3, signatários do Plano de Ação Conjunto Global destinado a evitar que o Irã obtenha armas nucleares, alegam que o país não cumpriu suas promessas sob o tratado de 2015. “Instamos [o Irã] a agir agora”, disse a embaixadora britânica Barbara Woodward após votar contra uma resolução que teria prorrogado a atual suspensão das sanções.
Países pediram por reintrodução de sanções após guerra com Israel. Em junho, Irã e o país escalaram rapidamente um conflito que durou 12 dias e foi motivado pelo desenvolvimento de armas nucleares iranianas. Na época, Benjamin Netanyahu afirmou que a guerra era necessária porque o vizinho estava desenvolvendo uma bomba nuclear. O ataque matou cerca de 14 cientistas nucleares iranianos e mais de 600 pessoas.
Irã tentou reverter quadro em reuniões diplomáticas com países europeus. Em encontros que não chegaram a acordos, o país disse estar disposto a negociar, mas sem abrir mão de seu programa nuclear. Antes do anúncio final da sanção, o ministro iraniano das Relações Exteriores escreveu nas redes sociais que o país chegou a apresentar “uma proposta criativa, justa, equilibrada e mutuamente benéfica”. O projeto foi apresentado ontem E3. “O Irã não pode ser o único ator responsável”, completou Abbas Araqchi.
Vice-ministro do ministério disse que europeus são “politicamente tendenciosos e motivados”. Em entrevista a repórteres em Genebra, Saeed Khatibzadeh foi mais enfático ao criticar os países. “Eles estão errados em diferentes níveis ao tentar fazer mau uso do mecanismo incorporado no Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA).”
Sanções devem entrar em vigor no fim do mês. As punições incluem restrições ao desenvolvimento de mísseis balísticos, congelamento de ativos, proibição da produção de tecnologia nuclear e inspeções nas instalações.
Irã ameaçou deixar Tratado de Não Proliferação Nuclear. Em junho, em meio a guerra com Israel, parlamentares chegaram a elaborar um projeto de lei para a saída do acordo que limita armas nucleares.
E3 estabeleceu condições para adiar volta das sanções. O grupo ofereceu um adiamento de seis meses se Teerã cumprisse em setembro algumas exigências e se envolvesse em “negociações sérias”, como retomar as negociações com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, permitir que os inspetores nucleares da ONU tivessem acesso às instalações nucleares e informar a quantidade de estoque de urânio enriquecido, informação desconhecida.
Estados Unidos também entrou na briga. Em uma operação secreta durante o conflito de junho, os americanos atacaram as instalações nucleares no país islâmico por serem o único país com armas capazes de chegar nas profundezas subterrâneas, onde estão as instalações. O secretário de Defesa dos EUA garantiu que o país vai manter pressão máxima sobre o Irã para impedir o desenvolvimento de armas nucleares. “Um Irã nuclear governado por um clérigo xiita radical que possua potencialmente não só armas nucleares, mas também os mísseis que poderiam levar essas armas muito longe, é um risco inaceitável, não apenas para Israel, não apenas para os Estados Unidos, mas para o mundo”.
Fonte: AFP.