Ao menos quatro pessoas morreram neste domingo (28) em Kiev em um novo ataque russo com 500 drones e 40 mísseis que se estendeu por 12 horas, segundo autoridades locais.
“O ataque maciço da Rússia à Ucrânia durou mais de 12 horas. Ataques brutais, terror deliberado e direcionado contra cidades comuns – quase 500 drones de ataque e mais de 40 mísseis”, afirmou presidente Volodymyr Zelensky em sua conta do Telegram.
A Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia e a Rússia, enviou caças para proteger seu espaço aéreo após o bombardeio, em meio a acusações da Otan de que Moscou está por trás de uma série de violações ao espaço aéreo da aliança militar.
Rússia afirmou que o alvo da ofensiva eram “empresas do complexo militar-industrial ucraniano”. Timur Tkachenko, chefe da administração militar da capital, confirmou quatro mortos, entre eles uma menina de 12 anos.
De acordo com os serviços de emergência, o corpo da menor foi encontrado nos escombros de um prédio residencial de cinco andares no distrito de Solomianski. No mesmo local, duas pessoas morreram em um centro de cardiologia.
Na capital e arredores, os ataques deixaram ao menos 27 feridos, informou Mikola Kalashnik, chefe da administração militar da região. Uma moradora de Kiev, Anna, de 26 anos, contou que seu apartamento foi atingido por estilhaços de vidro.
“Eu estava em choque, então não ouvi muita coisa (…) mas percebi um foguete voando por muito tempo, depois veio a explosão e as janelas se estilhaçaram”, relatou.
Além da capital, 40 pessoas ficaram feridas em outras regiões, de Sumi, na fronteira com a Rússia, até o sul, em Odesa e Zaporíjia, passando por Cherkasi, no centro, e Mykolaiv, segundo autoridades ucranianas.
Os esforços diplomáticos para encerrar o conflito – conduzidos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – seguem estagnados. Moscou já declarou que pretende manter a invasão, iniciada em fevereiro de 2022.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou o Kremlin de prolongar a guerra para lucrar com a venda de energia e pediu aumento da pressão internacional contra Moscou. Ele prometeu reduzir a capacidade russa de financiar a ofensiva, forçando o recurso à diplomacia.
Segundo o Estado-Maior ucraniano, a Rússia lançou 643 drones e mísseis, incluindo bombas planadoras, contra regiões do leste, centro e sul do país. Já o Ministério da Defesa russo informou que suas forças derrubaram 41 drones ucranianos durante a madrugada.
As Forças Armadas da Polônia disseram ter colocado caças em patrulha aérea e manter sistemas de defesa em solo em alerta máximo após o ataque russo deste domingo.
Nas últimas semanas, diversos países europeus acusaram Moscou de incursões aéreas com drones e aviões militares, que a Otan classificou como testes à sua capacidade de resposta. A Rússia nega envolvimento nessas violações ou planos de atacar membros da aliança.
Também neste domingo, a Otan anunciou reforço da vigilância no Báltico depois que a Dinamarca denunciou incursões de drones em seu espaço aéreo, o que chegou a paralisar aeroportos por algumas horas.
Na Assembleia Geral da ONU, o chanceler russo, Serguei Lavrov, criticou o que chamou de acusações infundadas de que seu país planeja atacar nações da Otan e da União Europeia.
“Rússia não tem, nem nunca teve, qualquer intenção desse tipo. Mas qualquer agressão contra meu país terá uma resposta decisiva”, afirmou. Mais tarde, em conversa com jornalistas, acrescentou: se algum país derrubar aeronaves em espaço aéreo russo, “vai se arrepender”.
No sábado, Zelensky anunciou que a Ucrânia recebeu de Israel, pela primeira vez, um sistema de defesa aérea Patriot dos Estados Unidos, e que outros dois devem chegar em breve.
Apesar da proximidade com Washington, Israel tentou manter neutralidade no início do conflito, mas sua posição ficou fragilizada pelo alinhamento da Rússia ao Irã e pela crítica de Moscou à guerra em Gaza.
Fonte: AFP.