As forças armadas da Tailândia lançaram ataques aéreos na fronteira disputada com o Camboja nesta segunda-feira (8), em meio à retomada das hostilidades entre os dois países. Segundo autoridades cambojanas, quatro civis morreram durante os confrontos na região.
As tensões persistem desde que Tailândia e Camboja assinaram uma trégua em outubro, impulsionada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O acordo buscava conter a escalada de disputas territoriais que, em julho, já haviam provocado confrontos com dezenas de mortos entre soldados e civis.
O porta-voz do Exército tailandês, major-general Winthai Suvaree, afirmou que tropas cambojanas abriram fogo primeiro em várias áreas do território tailandês. Ele disse que um soldado morreu e quatro ficaram feridos, além de relatar que moradores estavam sendo evacuados das regiões afetadas.
A Tailândia utilizou aeronaves “para atingir alvos militares em várias áreas e suprimir ataques de fogo de apoio cambojano”, segundo o porta-voz.
Do lado cambojano, a porta-voz do Ministério da Defesa, Maly Socheata, declarou que os militares tailandeses iniciaram os ataques. Ela afirmou que o Camboja não retaliou durante as primeiras ofensivas desta segunda-feira (8).
“O Camboja pede que a Tailândia interrompa imediatamente todas as atividades hostis que ameaçam a paz e a estabilidade na região”, afirmou.
Neth Pheaktra, ministro da Informação do Camboja, afirmou à Agence France-Presse (AFP), que quatro civis cambojanos morreram nesta segunda-feira (8) e cerca de outros dez ficaram feridos durante os ataques nas províncias de Oddar Meanchey e Preah Vihear, declarou o ministro.
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Escolas próximas à fronteira foram fechadas, e imagens divulgadas pelo governo cambojano mostraram alunos correndo para encontrar familiares e deixando a região às pressas.
Um incidente semelhante ocorreu no domingo (7). Segundo o Exército tailandês, tropas cambojanas teriam disparado primeiro e ferido dois soldados. A Tailândia afirma ter retaliado, gerando uma troca de tiros por cerca de 20 minutos. O Camboja, porém, sustenta que os tailandeses iniciaram os disparos e nega ter respondido.
A trégua mediada pelos EUA já estava fragilizada desde o mês passado, quando soldados tailandeses ficaram feridos por minas terrestres. Os dois países se acusam mutuamente pela responsabilidade e divergem sobre quem deveria limpar a área, apesar de acordos de cooperação existentes.
Tailândia e Camboja têm uma história de inimizade que remonta a séculos, quando eram impérios em guerra.
As disputas territoriais modernas têm origem em um mapa de 1907 elaborado durante o domínio colonial francês no Camboja — documento cuja precisão a Tailândia contesta. Em 1962, a Corte Internacional de Justiça concedeu ao Camboja a soberania sobre a área onde fica o templo de Preah Vihear, decisão que ainda provoca descontentamento entre setores tailandeses.
A trégua não define um caminho para resolver a base subjacente da disputa: as longas divergências sobre onde a fronteira deve ser traçada.
Fonte: G1.
