O chanceler alemão Friedrich Merz está de visita a Israel, tendo ontem visitado o primeiro-ministro Netanyahu e diversos ministros do gabinete ministerial. O líder alemão já se tinha reunido com o presidente Isaac Herzog. Houve ainda um encontro com o líder da oposição Yair Lapid.
Merz visitou também o Museu do Holocausto, onde declarou: “Curvo-me diante dos 6 milhões de homens, mulheres e crianças de toda a Europa que foram assassinados por alemães por serem judeus.” E acrescentou: “A Alemanha tem de apoiar a existência e a segurança de Israel”, aludindo ainda à “duradoira responsabilidade histórica” do seu país pelo Holocausto.
A visita de Merz representa a primeira de um líder europeu desde o início do cessar-fogo em Gaza, com Israel dando assim sinais esperançosos de que a situação no país está lentamente a voltar à normalidade após dois anos de guerra. Em comparação a outros países europeus, a Alemanha permanecer fiel a Israel durante todo o percurso da guerra em Gaza. Merz foi um dos últimos líderes europeus a impôr um embargo de armas a Israel, que foi apenas parcial, e que foi levantado logo após o acordo de cessar-fogo.
A Alemanha não se juntou à França e ao Reino Unido na pérfida decisão de reconhecer um pseudo-estado palestiniano durante a última assembleia geral da ONU.
Falando ao lado de Netanyahu numa conferência de imprensa, o chanceler explicou que Berlim ficaria ao lado de Israel, em parte pela culpa no Holocausto, acrescentando contudo que o seu governo acredita que Israel deveria ter conduzido os aspectos humanitários da guerra numa forma diferente. Segundo ele, o embargo parcial na venda de armas foi uma forma de levar a mensagem.
Merz mencionou ainda que a Alemanha bloqueou por diversas vezes tentativas internacionais para prejudicar Israel, dando como exemplo a ameaça germânica de sair do festival da Eurovisão no caso de Israel ser excluído.
O líder da oposição israelita agradeceu a Merz ter levantado o embargo e “o seu apoio para o regresso dos reféns”.
Na conferência de imprensa conjunta, Netanyahu assinalou o carácter “aberto e honesto” revelado nas conversações telefónicas, mesmo quando há desacordos. “Mas estas são conversas abertas entre amigos e pessoas que se respeitam mutuamente.” Netanyahu elogiou ainda as recentes declarações do chanceler na Turquia sobre “aquilo que Israel tem estado a fazer pelo resto da humanidade.”
Netanyahu afirmou que “Israel mudou a História judaica no sentido de que aqueles que nos querem mal já não nos conseguem aniquilar…ainda que nos cerquem de morte, tal como o Irão tentou com os seus párias. Nós empurrámo-los.”
O primeiro-ministro aludiu ainda à diferença de opinião sobre a questão dos 2 estados, explicando que “o propósito de um estado palestiniano é o de destruir o único e singular estado judaico. Eles já tiveram um estado em Gaza, o qual foi usado para tentar destruir o estado judaico.”
“Aquilo em que sempre insistiremos é que o soberano poder de segurança desde o rio Jordão, que é aqui ao lado, e o Mar Mediterrâneo, que é mesmo ali, esteja sempre nas mãos de Israel,”
Netanyahu disse ainda estarem a decorrer conversações sobre o aprofundar da cooperação na área da defesa entre os dois países. Na semana passada a Alemanha recebeu e instalou a primeiro bateria do sistema de defesa anti-aérea israelita Arrow-3, visando defender a Europa central contra potenciais ataques de mísseis balísticos por parte da Rússia.
A Alemanha alterou radicalmente o seu perfil de segurança nacional como resultado da invasão russa da Ucrânia em 2022, estando actualmente a esforçar-se para actualizar e fortalecer as suas capacidades de defesa após décadas de negligência, e isso em parte através da compra de tecnologia israelita.
“Israel e a Alemanha são duas das mais avançadas economias do mundo. Temos gente extraordinária, pessoas extraordinariamente dotadas, e nos campos da alta tecnologia, high tech, deep tech, IA, quantum, todas essas coisas que irão alterar a face deste planeta e o futuro da humanidade.”
“Ao trabalharmos juntos, não apenas podemos melhorar os cidadãos de Israel e da Alemanha, mas penso que também o mundo e a nossa vizinhança próxima no Médio Oriente. Abordámos essas questões e estamos preparados para juntos agarrarmos o futuro”.
E concluiu: “Tenho que dizer, Friedrich: penso que estamos no limiar de uma nova era, pois acho que atingiremos a expansão da paz. Penso estarmos numa nova era, pois acho que as possibilidades da tecnologia com todos os seus riscos, especialmente na IA, mas com os seus feitos positivos são imensos em todos os campos, desde a agricultura à saúde e aos transportes. Penso que estamos juntos, podemos liderar isto, tornando-nos numa potência dianteira no avanço da humanidade.”
