As conversas para a formação de um governo de união nacional em Israel se depararam com um novo obstáculo nesta terça-feira (1º). Benny Gantz, maior rival político do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cancelou uma reunião em que as partes negociariam uma possível coalizão entre os dois partidos mais votados nas eleições de setembro.
O resultado das urnas não deu maioria absoluta nem ao Likud, de Netanyahu, nem ao partido Azul e Branco, de Gantz. Os dois lados chegaram a ensaiar uma aproximação para evitar novo impasse e um terceiro processo eleitoral em menos de um ano, mas as negociações fracassaram.
Na semana passada, o presidente de Israel, Reuven Rivlin, deu a Netanyahu a tarefa de formar novo governo por considerar que o atual primeiro-ministro conseguiria montar uma maioria mais facilmente do que Gantz. O premiê terá pouco mais de um mês para isso.
Netanyahu afirmou, no domingo, que tentaria um último esforço para chegar a um acordo com Gantz na quarta-feira, segundo a agência Reuters. O próprio partido Azul e Branco, de Gantz, admitiu que faria qualquer reunião e não pouparia esforços para montar um governo de coalizão ampla.
Porém, nesta terça-feira, os oposicionistas voltaram atrás e alegaram que as condições não são ideais para negociações eficazes entre os dois partidos e os respectivos líderes.
“Se for necessário, podemos fazer um encontro no fim desta semana ou na próxima”, propôs o Azul e Branco, em comunicado divulgado pelo site Haaretz.
O Likud, partido de Netanyahu, acusou o político Yair Lapid, principal aliado de Gantz, de “sabotar o governo de união” por não concordar com a proposta de um rodízio dos dois líderes no cargo de primeiro-ministro.
“Ele [Lapid] só vai concordar em um rodízio entre ele mesmo e Gantz”, acusou o Likud, em nota.
Possíveis novas eleições
Caso Netanyahu não consiga formar uma maioria em até cerca de um mês, o presidente de Israel – cujo papel simbólico é o de nomear o primeiro-ministro a partir da capacidade de aglutinar um governo – pode dar o cargo a outra liderança ou mesmo convocar novas eleições.
Pivô da crise que levou Israel às segundas eleições em dois meses, o líder nacionalista Avigdor Lieberman, do partido Israel Nossa Casa, criticou Netanyahu e Gantz pela falta de consenso, segundo o site The Times of Israel.
“Os cidadãos de Israel não vão perdoá-los se vocês nos levarem a novas eleições só por causa de ego e questões pessoais”, afirmou.
Lieberman – ex-ministro da Defesa e antigo aliado de Netanyahu – rompeu com a coalizão com o Likud formada nas eleições de abril por uma disputa com judeus ortodoxos, que também formam a base governista.
O nacionalista, que representa a diáspora de judeus russos e ex-soviéticos a Israel, rejeita a proposta de livrar os judeus ortodoxos do serviço militar obrigatório em Israel. A discordância nesse tema foi o estopim para que Lieberman retirasse o Israel Nossa Casa do governo, em maio, o que provocou as novas eleições do mês passado.
Fonte: G1