O Egito ocupa a 16ª posição na Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2020, mesma posição que no ano anterior. O principal tipo de perseguição aos cristãos no Egito é a opressão islâmica, que opera de várias maneiras. Na cultura islâmica, os cristãos são considerados cidadãos de segunda classe, o que causa discriminação no ambiente político e no trato com o Estado.
Os cristãos também enfrentam a opressão islâmica na vida cotidiana, na comunidade e trabalho. A cultura islâmica na sociedade egípcia causa discriminação e cria um ambiente em que o Estado é relutante em respeitar e reforçar os direitos fundamentais dos cristãos.
Como se observa no gráfico acima, a pressão sobre os cristãos continua em nível muito alto em todas as esferas da vida no Egito. As esferas com pontuação mais alta são a esfera nacional e família. A pontuação muito alta (13,1) na esfera família reflete em particular as dificuldades que o muçulmano que se converte ao cristianismo tem em relação aos casamentos, batismos e funerais cristãos.
A pontuação muito alta para a vida nacional (13,2) reflete os níveis de discriminação que os cristãos enfrentam – especialmente aqueles de origem muçulmana – quando se envolvem com as autoridades. O perigo de ser acusado de blasfêmia, seguido pela violência da multidão, está sempre presente, enquanto a polícia e outras autoridades costumam ficar do lado dos acusadores e agressores para manter a ordem pública. A pontuação para violência está em um nível extremo, passando de 15,9 na Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2019 para 16,1 na LMP 2020.
Além disso, direitos humanos básicos e pluralismo democrático não são uma prioridade para o governo, o que significa que a liberdade religiosa para os cristãos não é totalmente garantida.
Sucessão de regimes autoritários
O Egito passou por três trocas de regime em três anos, entre 2011 e 2014. A tradição do autoritarismo parece ser a única característica permanente no sistema político do país, pois todos os governantes do Egito têm um estilo de governo autoritário. Em 2011, a longa ditadura do presidente Mubarak terminou sob massivos protestos sociais, que levaram a uma eleição controversa da Irmandade Muçulmana.
O governo liderado por Mohamed Morsi não se comportou democraticamente e também foi tirado por um movimento nacional apoiado pelo Exército, em 2013. Atualmente, o Egito tem um governo civil liderado pelo ex-chefe do Exército, Abdul Fatah al-Sisi, após a eleição presidencial em maio de 2014, sendo reeleito em março de 2018. Esse governo parece considerar os direitos humanos básicos e o pluralismo democrático como uma prioridade baixa diante dos enormes desafios econômicos, políticos, sociais e de segurança.
Embora apenas alguns considerem que haja uma diferença étnica entre os cristãos (coptas) e os muçulmanos (árabes), cristãos e muçulmanos parecem ser dois grupos diferentes. Assim como em outros países árabes, o pensamento tribal influencia fortemente e pode levar à violência verbal de um contra o outro. O que acontece no Egito é que há muitos casos de violência por parte de uma multidão quando os cristãos tentam ganhar um certo benefício, como o reconhecimento oficial de uma igreja, por exemplo. A opressão islâmica e o antagonismo étnico operando em conjunto levam a um ambiente em que a minoria cristã tem que operar com muito cuidado.
A situação da mulher
No Oriente Médio, o Egito tem a reputação de ter as mais altas taxas de assédio sexual e violência. De acordo com uma pesquisa das mulheres da ONU de 2013, mais de 99% das mulheres no Egito sofreram assédio sexual, independentemente do que vestem ou de qual seja a sua religião. Nesse ambiente e sem proteção social às mulheres, as cristãs são particularmente vulneráveis.
Embora assédio, casamento forçado ou casamento por seqüestro e agressão sexual sejam práticas comuns que afetam todas as mulheres no Egito em graus variados (também dependendo da região geográfica), houve relatos de que as mulheres cristãs são particularmente alvo de casamento por seqüestro, principalmente nas áreas rurais, pequenos vilarejos e cidades do sul.
O impacto psicológico do consequente medo de seqüestros nas famílias cristãs é alto, especialmente nas áreas rurais: as mulheres podem se sentir como se não pudessem sair de casa sozinhas e precisam de companhia constante de parentes do sexo masculino para protegê-las.