Hoje, 1 de outubro, a República Popular da China comemora 70 anos de existência. Repetidas vezes, as igrejas “se transformaram” para evitar o pêndulo de perseguição que oscila de espancamentos, ataques, prisões e batidas policiais, à relativa liberdade e depois volta à perseguição. Ao longo das últimas décadas, a igreja na China testemunhou os altos e baixos de avivamento e sofrimento e evoluiu como uma igreja refinada pelo fogo.
A Portas Abertas entrevistou três de seus colaboradores na China, que conhecem a realidade do país e viram o crescimento da igreja sob o comunismo. Eles compartilham sobre como a igreja está lidando com a atual onda de perseguição e como eles acham que será a igreja chinesa no futuro. Acompanhe os principais destaques das entrevistas abaixo.
Julie
Julie* se lembra de como, há 30 anos, os cristãos se reuniam secretamente em casas, campos e cavernas. Durante e depois da Revolução Cultural, o cristianismo era visto como uma superstição ocidental e os cristãos eram considerados contrarrevolucionários. Nessa época, poucos cristãos tinham Bíblia, então tinham que copiar as Escrituras à mão. Curas, visões e alegria exuberante eram comuns. Ela se lembra ainda de dois pastores que ficaram presos 20 anos por não pararem de evangelizar.
Desde 2017, o governo tem fechado grandes igrejas e monitorado e pressionado pastores para limitar o crescimento da igreja e o crescente número de cristãos que se reúnem em pequenos grupos. Julie afirma: “Esta nova fase de controle e intimidação desencadeou uma crise avassaladora que, creio, também é uma oportunidade da qual a igreja pode se utilizar para um novo período de avivamento. Sinto que Deus está recalibrando os fundamentos da igreja para prepará-la para uma nova estação de crescimento”.
Anna
Anna* testemunha que os cristãos chineses não somente conhecem a Bíblia, e geralmente memorizam grandes porções dela, mas também experimentam Deus todos os dias. O que chama a atenção dela é que eles tomam posse da palavra de Deus literalmente, com uma fé simples, e vivem na convicção de que ela realmente é verdadeira e confiável. “Eles aprenderam a ser gratos em todas as circunstâncias e parecem viver em uma zona de contentamento”, relata.
Josh
Josh* trabalha com cristãos ex-muçulmanos na China há muitos anos. Para ele, o maior destaque nos últimos anos é como os cristãos chineses abraçaram a era digital. Devido à “grande barreira de segurança da China”, que impede o povo chinês de acessar sites estrangeiros, jovens cristãos chineses não têm acesso a conteúdos de outros lugares do mundo. Bíblias impressas foram retiradas das plataformas de comércio on-line em março de 2018, embora Bíblias on-line e aplicativos ainda estejam disponíveis.
Cada vez mais, os movimentos das pessoas são monitorados por câmeras, então, os cristãos não podem simplesmente ir a uma igreja quando querem. Por causa disso, os cristãos aderiram à internet para compartilhar sermões, testemunhos, versículos bíblicos e músicas de adoração. Por causa da “grande barreira de segurança da China”, o conteúdo é nacional, todo em chinês, e usa plataformas de web domésticas, causando um impacto de longo alcance. “Embora não seja tão pessoal quanto uma igreja local, os cristãos sabem onde ir para obter encorajamento, ensinamento bíblico e testemunhos do agir de Deus em toda a China. Essas trocas digitais têm sustentado esta última geração de cristãos sedentos na China”, afirma.
Com 70% da população chinesa vivendo em cidades e com os jovens tendo mais acesso à educação, o evangelho está sendo compartilhado digitalmente e o número de cristãos continua crescendo. Ore para que a igreja continue se expandindo na China e para que os cristãos sejam fortalecidos. Clame para que o Senhor faça grandes coisas mesmo em meio às iniciativas do governo para deter o crescimento da igreja. Sua oração faz a diferença na vida de nossos irmãos.
*Nomes alterados por segurança.
Fonte: Portas Abertas.