Em novembro passado, durante a 73ª Reunião da Assembleia Mundial, especialistas apelaram à humanidade para se preparar para uma nova pandemia. Contudo, cientistas holandeses revelaram que as principais farmacêuticas não estão prontas para tais desafios.
Já há dois anos, a OMS prognosticou que, no futuro próximo, o mundo enfrentaria uma nova perigosa infecção viral. Os especialistas apontaram a um tipo de gripe aviária, também não descartaram os coronavírus.
Prevenido vale por dois
Em 2018, praticamente ninguém no mundo criava vacinas ou medicamentos contra coronavírus, o que chamou a atenção de especialistas dos Países Baixos depois de analisarem a atividade de pesquisa das maiores farmacêuticas. Ao final, a maioria dos países acabaram despreparados para a acelerada propagação do SARS-CoV-2.
Os líderes da indústria farmacêutica estão desenvolvendo vacinas e tratamentos apenas contra seis das 16 infecções referidas pela OMS como potencialmente pandêmicas. Trata-se de ebola, zika, chicungunha, febre hemorrágica de Marburgo, infecções por enterovirus e COVID-19. Por razões óbvias, a maior parte das forças são mobilizadas agora para combater o novo coronavírus.
Até 75% das pessoas falecem
Segundo cálculos dos especialistas holandeses, o vírus mais perigoso dos que não recebem atenção suficiente é o vírus Nipah. A doença pode desenvolver-se sem sintomas, mas também pode provocar síndromes respiratórias graves e encefalite mortal. Segundo vários dados, de 40 a 75% dos infectados morrem, enquanto em 20% dos recuperados são registradas convulsões, mudanças de personalidade e outras consequências neurológicas.
Pela primeira vez esse vírus foi detectado em 1998 em vários fazendeiros de um dos estados da Malásia. Os especialistas revelaram que a infecção ocorreu após o contato das pessoas com porcos infectados, que, por sua vez, tinham comido tâmaras com resíduos de urina de raposas-voadoras – morcegos portadores naturais do vírus.
Posteriormente, dois grandes surtos foram registrados em Bangladesh e Índia no início dos anos 2000. Adicionalmente, na Índia houve casos de transmissão do vírus de uma pessoa para outra.
Ainda não existe o tratamento contra o vírus perigoso. No ano passado, cientistas norte-americanos escreveram sobre uma vacina recombinada na base do tratamento contra raiva, no entanto, não é certo se a vacina é segura.
Perigo está por perto
Em agosto de 2020, surgiu uma informação que 37 chineses se contagiaram com o vírus SFTS (na sigla em inglês), sete dos quais faleceram. A maioria teve febre alta, tosse, vômito e diarreia. Alguns desenvolveram falência multiorgânica que levou à morte.
Segundo avaliações dos especialistas, a letalidade do vírus SFTS consiste entre 12 e 30%. O vírus pode se transmitir entre seres humanos, mas com contato muito próximo, através do sangue ou muco. Não existem nem tratamento específico nem vacina.
O STFS pertence à ampla família dos bunyavírus. Os portadores destes são mosquitos, mosquitos-palha e carrapatos ixodídeos que infectam principalmente o gado, por vezes gatos, ratos e outros mamíferos.
Doença endêmica, por enquanto
Em janeiro e fevereiro de 2020, habitantes de 26 dos 36 estados da Nigéria começaram a se queixar de dores musculares e de cabeça, temperatura elevada, conjuntivite e dor na garganta. Alguns deles apresentaram exantemas e convulsões. Os médicos diagnosticaram febre de Lassa, uma infecção perigosa provocada por um membro da família de arenavírus. O surto foi debelado bastante depressa, mas 70 pessoas faleceram. No total, em dois meses foram registrados quase 500 casos da infecção.
Apesar de a febre de Lassa ser considerar endêmica, ou seja, não ultrapassar as fronteiras da África, a OMS designou seu patógeno e outros vírus da referida família como representando nível alto de perigo pandêmico. Foi provado que eles se propagam entre as pessoas, enquanto sua letalidade pode atingir 50% em caso de doença grave.
Embora algumas das infecções por adenovírus sejam tratadas com medicamentos antivirais, ainda não há remédios contra a maioria delas. O que é mais grave é que não existem vacinas contra nenhumas delas, e as grandes farmacêuticas não planejam criá-las.