A Armênia e o Azerbaijão se acusaram neste domingo (18) de violar o novo cessar-fogo humanitário no território de Nagorno-Karabakh, horas depois de ter sido acordado.
A trégua definida neste sábado (17) entrou em vigor à meia-noite, no horário local, depois que um cessar-fogo mediado pela Rússia de uma semana não conseguiu deter os maiores confrontos no sul do Cáucaso desde os anos 1990.
O Ministério da Defesa da Armênia informou neste domingo que o exército azeri disparou duas vezes durante a noite e usou artilharia. Por sua vez, o Ministério da Defesa do Azerbaijão acusou a Armênia de efetuar disparos de morteiros e artilharia nas proximidades da cidade de Jabrail, em Nagorno-Karabakh, e em aldeias da região.
Já as autoridades de Nagorno-Karabakh declararam que as forças azeris atacaram posições militares do enclave, resultando em vítimas.
A trégua anunciada para se iniciar neste domingo ocorre depois que o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, manteve conversas telefônicas com seus colegas da Armênia e do Azerbaijão, nas quais, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, ele enfatizou “a necessidade de seguir estritamente” o acordo de cessar-fogo acordado em Moscou no sábado passado.
Horas antes, o governo do Azerbaijão informou que 13 civis foram mortos e mais de 50 ficaram feridos na cidade de Ganja, a segunda maior do país, em um bombardeio atribuído à Armênia. Segundo o Azerbaijão, dois projéteis atingiram edifícios residenciais. Já o governo da Armênia acusa o Azerbaijão de bombardeios contínuos no país.
Confrontos em Nagorno-Karabakh
O bombardeio no sábado foi mais um episódio de violência após a escalada de tensão entre os dois países por causa da disputa pelo território de Nagorno-Karabakh, uma região separatista que fica no Azerbaijão, mas é de maioria étnica armênia. As duas nações estão em conflito desde o fim de setembro por causa da região. Um cessar-fogo entrou em vigor no dia 10 de outubro, mas foi interrompido pelo bombardeio em Ganja.
A região de Nagorno-Karabakh tem 140 mil habitantes, e 99% deles são armênios. Os combates entre separatistas e azeris começaram em 27 de setembro e, desde então, de acordo com contagens oficiais, o conflito já deixou mais de 600 mortos.
A região declarou independência do Azerbaijão pouco antes da queda da União Soviética. Esse movimento deflagrou uma guerra que causou 30 mil mortes e centenas de milhares de refugiados de ambos os lados na década de 1990.
Os confrontos atuais são os mais sérios desde 1994. Após quase 30 anos de impasse diplomático, o presidente do Azerbaijão, Ilham Alyev, prometeu retomar o controle deste território, inclusive à força, se necessário.
A Armênia é um país de maioria cristã, enquanto o Azerbaijão é majoritariamente muçulmano. Décadas de negociações, mediadas por potências estrangeiras, nunca alcançaram um tratado de paz.
Mas o conflito vai além da questão religiosa, ganhando contornos geopolíticos. A Turquia, que tem laços próximos com o Azerbaijão, disse que está “totalmente pronta” para ajudar seu aliado a recuperar o controle de Nagorno-Karabakh.
O governo turco acusa a Armênia de ocupar ilegalmente o território azeri. Já a Armênia afirma que a Turquia encorajou o Azerbaijão a buscar uma solução militar para o conflito, colocando os civis armênios em perigo.
A Rússia, por sua vez, tem relações estáveis com ambos, mas é um importante aliado da Armênia e mantém uma base militar ali.
Fonte: G1.