Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Joe Biden e Vladimir Putin, conversaram neste sábado (12) por telefone sobre a escalada da crise na Ucrânia.
Em um comunicado, a Casa Branca informou que o presidente Biden disse a Putin que os EUA estão abertos à diplomacia, mas “preparados para outros cenários”.
“O presidente Biden deixou claro que, se a Rússia realizar uma nova invasão da Ucrânia, os EUA, juntamente com nossos aliados e parceiros responderão de forma decisiva e impor resposta severa e imediata à Rússia”, disse a administração americana em nota.
Biden também reiterou, segundo o comunicado, que os americanos estão preparados para se envolver na diplomacia, “em plena coordenação com nossos aliados e parceiros, mas estamos igualmente preparados para outros cenários”.
Já Putin repetiu algo que havia dito anteriormente: que a resposta dos EUA às principais demandas de segurança da Rússia não levou em consideração suas principais preocupações e que Moscou responderia em breve, segundo o Kremlin.
Ainda de acordo com o governo russo, o telefonema aconteceu em um cenário de “histeria” no Ocidente sobre uma iminente invasão que o Kremlin dizem ser absurda.
Um comunicado russo confirmou que Biden alertou Putin sobre grandes sanções potenciais no telefonema, mas que não deu ênfase especial a isso, segundo a agência Reuters
Uma autoridade do governo americano disse que os líderes discutiram por quase uma hora e falaram sobre a presença de tropas russas ao redor da Ucrânia.
Antes da ligação entre os líderes, os chefes das diplomacias russa e americana, Sergei Lavrov e Antony Blinken, também conversaram por telefone.
Em comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia após a chamada, Lavrov acusou Washington de fazer uma “campanha de propaganda” sobre uma possível agressão russa.
Incidente no Pacífico
Pouco antes do início do telefonema, as forças armadas da Rússia disseram ter interceptado um submarino americano próximo a uma ilha do extremo-leste do país.
Segundo os militares, a embarcação ignorou um alerta dado pela Marinha russa que diz ter usado “meios apropriados” para expulsão.
Não há, até a última atualização desta reportagem, mais explicações sobre quais seriam os meios apropriados.
O incidente foi registrado no extremo-leste Russo, no Oceano Pacífico, distante da Ucrânia, para onde os olhos estão voltados neste momento em meio a uma escalada de tensão na fronteira.
O Ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, convocou o adido militar americano na região para discutir o que alega ser uma violação das águas russas, informou a agência russa RIA.
Conversa com Macron
Antes do telefonema com o americano, Putin já havia anunciado que se comunicaria com o presidente francês Emmanuel Macron sobre a crise na Ucrânia.
Macron esteve em Moscou durante a semana como parte dos esforços diplomáticos da União Europeia para evitar uma escalada na tensão e o início de conflitos na região.
Neste sábado, os líderes conversaram por cerca de 1h40.
A Presidência francesa disse em nota, no entanto, que Macron disse a Putin que o diálogo “não é compatível” com a escalada de tensão e que busca a estabilidade na Europa. Já o presidente russo afirmou que os alertas de invasão da Ucrânia são “especulação provocativa”.
Saída dos americanos
Em meio às crescentes tensões com a Rússia, o Departamento de Estado dos Estados Unidos ordenou que funcionários não essenciais da embaixada dos EUA deixem a Ucrânia.
Apesar da redução do pessoal, toda a equipe manterá os esforços diplomáticos e de assistência em apoio à segurança, democracia e prosperidade da Ucrânia, informou a embaixada no Twitter.
Há esperanças de que o envolvimento individual de Biden com Putin possa ser a melhor chance de uma resolução para o impasse sobre a Ucrânia.
Duas ligações em dezembro entre Biden e Putin não produziram avanços, mas prepararam o terreno para a diplomacia entre seus assessores.
Os dois líderes não se falaram desde então, e diplomatas de ambos os lados têm lutado para encontrar um terreno comum. As negociações de quatro vias em Berlim entre Rússia, Ucrânia, Alemanha e França na quinta-feira (10) não progrediram.
Também neste sábado, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha pediu que seus cidadãos deixem a Ucrânia e só fiquem no país em caso de necessidade máxima, assim como a Lituânia e Kwait. Os EUA já haviam pedido que seus cidadãos saíssem da Ucrânia o mais rápido possível, apelo ecoado por países como Reino Unido, Japão, Holanda, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Ucrânia tranquiliza população
O governo ucraniano pediu neste sábado aos cidadãos que fiquem calmos e unidos, dizendo que as Forças Armadas estão prontas para repelir qualquer ataque ao país em meio à preocupação de uma invasão da Rússia a qualquer momento.
“Agora é fundamental permanecer calmo e unido dentro do país e evitar ações que prejudiquem a estabilidade e semeiem pânico”, disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
“As Forças Armadas da Ucrânia estão constantemente monitorando os desenvolvimentos e estão prontas para repelir qualquer invasão à integridade territorial e soberania da Ucrânia”, acrescentou.
A Rússia reuniu mais de 100 mil soldados perto de sua fronteira com a Ucrânia, e os Estados Unidos disseram na sexta-feira que uma invasão poderia ocorrer a qualquer momento.
Moscou nega planos de invasão, dizendo que está defendendo seus próprios interesses de segurança contra agressões de aliados da Otan.
Joe Biden disse que os militares dos EUA não entrarão em guerra na Ucrânia, mas prometeu severas sanções econômicas contra Moscou, em conjunto com aliados internacionais.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou esperança de que Putin escolha a diplomacia, mas disse que Washington imporá sanções econômicas rápidas se Moscou invadir.
“Continuo esperando que ele não escolha o caminho da agressão, mas da diplomacia e do diálogo”, disse.
Fonte: G1.