A três dias das eleições em Taiwan, as relações com a China dominaram a campanha presidencial em meio ao apoio norte-americano à ilha. Depois da possível decisão de Biden, os laços sino-americanos podem ficar ainda mais abalados.
O presidente Joe Biden pretende enviar uma delegação constituída por antigos funcionários com cargos altos a Taipé após as eleições taiwanesas no sábado (13).
A Casa Branca convocou James Steinberg, ex-vice-secretário de Estado, e Stephen Hadley, ex-conselheiro republicano de Segurança Nacional, para liderar a delegação bipartidária, segundo cinco pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pelo Financial Times.
Um ex-funcionário dos Estados Unidos, ouvido sob condição de anonimato, disse que a decisão de Biden foi uma medida arriscada e que poderia tensionar ainda mais a relação Washington-Pequim.
“O objetivo primordial dos EUA neste momento delicado deveria ser encorajar a contenção tanto por parte de Pequim como de Taipé. Enviar uma delegação de tão alto nível parece um abraço de urso para Taipé, dando a Pequim cobertura para reagir de forma exagerada. Precisamos de ações mais sutis para sermos eficazes”, afirmou.
As eleições contam os candidatos Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista no poder; Hou Yu-ih, do principal partido da oposição, Kuomintang; e Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan.
A China é extremamente cautelosa em relação a Lai, que está associado à ala de sua sigla que defende a formalização da independência, de fato, de Taiwan. O ex-funcionário disse ao jornal britânico que a China “suspeitaria” de quaisquer garantias privadas que obtivesse dos EUA sobre a missão, especialmente se Lai, em quem Pequim desconfia, vencer.
Essa não é a primeira vez que Biden envia delegações em momentos-chave da vida política da ilha. Há dois anos, o líder estadunidense enviou Michael Mullen, antigo presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e Michèle Flournoy, antiga alta funcionária do Pentágono, para Taiwan.
Essa delegação pretendia tranquilizar Taipé em meio à preocupação de que Pequim pudesse tentar tirar vantagem do foco norte-americano na operação russa na Ucrânia para aumentar a pressão sobre Taiwan.
A China enxerga Taiwan como uma província renegada que pertence por direito a Pequim no âmbito da política de Uma Só China, enquanto a ilha autogovernada não declarou formalmente a independência, mas afirma já o ser mantendo laços próximos com os EUA.