Os Estados Unidos estão determinados a impedir que o Irã tenha a bomba atômica – declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, neste domingo (27), durante uma viagem que tem como objetivo diminuir as preocupações de Israel e dos países árabes com um possível acordo nuclear com Teerã.
Blinken iniciou ontem à noite sua turnê por um giro pelo Oriente Médio e Magreb, que incluiu um encontro histórico no deserto israelense de Negev com seus colegas dos Emirados Árabes, Marrocos, Barein e Egito, países árabes que normalizaram as relações com Israel.
Na tarde deste domingo, um ataque deixou dois policiais mortos e meia dúzia de feridos na cidade de Hadera. Os ministros participantes da reunião de cúpula, que chegaram a Israel no fim do dia, condenaram o ataque e ofereceram suas condolências às famílias das vítimas, segundo o ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid.
Estados Unidos e Irã estão na última fase de negociações indiretas para reativar o pacto de 2015, que deve, em tese, impedir Teerã de adquirir a bomba atômica, em troca do levantamento das sanções que sufocam a sua economia. A União Europeia considerou ontem que a conclusão de um acordo é “uma questão de dias”.
“Na questão mais importante, coincidimos. Todos estamos comprometidos e determinados a que o Irã nunca terá uma bomba nuclear”, declarou Blinken à imprensa em Jerusalém, ao lado do chanceler israelense, Yair Lapid.
Segundo Blinken, o presidente americano, Joe Biden, acredita que “o retorno a uma implementação plena” do acordo “é a melhor forma de pôr o programa iraniano de volta à estrutura, da qual escapou quando os Estados Unidos se retiraram do acordo”, em 2018, durante o governo de Donald Trump.
Já Israel vê com maus olhos um possível acordo entre as grandes potências e o Irã, temendo que o governo iraniano se aproveite do pacto para se armar em segredo. “Temos divergências sobre o programa nuclear e sobre suas consequências, mas estamos abertos a um diálogo aberto e honesto”, disse Lapid.
A fala do chanceler foi reforçada pela do primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, após seu encontro com o secretário americano.
“Com ou sem acordo, continuaremos a trabalhar juntos e com nossos outros sócios para combater as ações do Irã destinadas a desestabilizar a região”, frisou.
Na tarde deste domingo, Blinken se reuniu com o presidente palestino, Mahmud Abbas, em Ramallah, Cisjordânia.
‘Unidos’ frente ao Irã
“A normalização com Israel é o novo normal”, declarou Blinken. O giro diplomático rompeu décadas de um consenso árabe que condicionava o estabelecimento de relações com Israel à resolução do conflito entre palestinos e israelenses.
Para o movimento islamita palestino Hamas, no poder em Gaza, o encontro em Negev serve para “legitimar os crimes” de Israel, representando um “perigo não apenas para a Palestina, mas também para toda a região”.
A reunião em Negev “mostra que a questão palestina não é uma prioridade e que há assuntos mais urgentes, como o Irã”, disse à AFP Yoel Guzansky, analista sênior do centro de pesquisas INSS, de Tel Aviv. “É também um sinal de que, às vésperas de um acordo com o Irã”, há atores na região que estão “unidos” contra os “perigos” de Teerã.
Depois de Israel, Blinken visitará o Marrocos e a Argélia. “A mensagem mais importante que será transmitida é que há vários países do Oriente Médio que não estão satisfeitos com o desempenho dos Estados Unidos em relação ao Irã (…)”, destacou o analista israelense Uzi Rabi.
Fonte: AFP.