Foco de discórdia e de crise diplomática com o Oriente Médio, o governo brasileiro informou que vai abrir o escritório de negócios em Jerusalém, em Israel, até dezembro deste ano. Se possível, a intenção é que o escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) seja inaugurado em novembro.
“A decisão de abrir um escritório de negócios sem status diplomático é resultante de uma discussão de governo, onde há interesses nem sempre absolutamente convergentes. Há interesses ligados ao agronegócio e a uma perspectiva mais religiosa e histórica. […] Entendo que esse escritório deve ser aberto em novembro ou dezembro”, afirmou hoje o secretário de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África, embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega.
Inicialmente, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pretendia transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém por pressão de grupos evangélicos, aos quais é estreitamente ligado e dependente. A iniciativa inclusive foi promessa de campanha do então candidato na eleição presidencial de 2018.
No entanto, o presidente recuou da medida após a ameaça de países do Oriente Médio de limitar as importações do agronegócio brasileiro e após reclamações de empresários sobre o impacto que isso poderia ter na economia do país. A atitude também contrariaria o posicionamento histórico do Brasil perante os conflitos na região, em especial com a Palestina.
Na tentativa de resolver o impasse, como um meio-termo, o governo federal resolveu abrir um escritório comercial da Apex sem envolvimento direto com a diplomacia.
Ainda assim, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, teve de rodar por países árabes na tentativa de se apaziguar o mal-estar causado pela possibilidade. A partir de 26 de outubro, será a vez de Bolsonaro tentar acabar com qualquer atrito em viagem ao Oriente Médio.
Fonte: UOL.