A Coreia do Norte anunciou ter colocado seu primeiro satélite de reconhecimento em órbita. Chamado Malligyong-1, ele foi projetado para monitorar os movimentos militares dos EUA e da Coreia do Sul, e faz parte do que o país chama de sua “capacidade tridimensional”.
‘Nova era de poder espacial’
Poder militar do país entrando em “nova era”. Durante uma recepção com cientistas e técnicos espaciais realizada na última semana, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, disse que o lançamento do satélite “impulsionou o país para uma nova era de poder espacial”, segundo a agência de notícias estatal KCNA.
Capacidade contra inimigos. Já o primeiro-ministro do regime norte-coreano, Kim Tok Hun, afirmou que o Malligyong-1 daria aos seus militares a capacidade de atacar o mundo inteiro.
O desenvolvimento e o lançamento de um satélite espião fazem parte do plano militar da Coreia do Norte. Para o especialista em relações internacionais Leif-Eric Easley, da Universidade Ewha Womans, em Seul, é importante prestar atenção aos fortes investimentos em armas pela Coreia do Norte.
Easley chama atenção para o que o regime chama de “capacidade tridimensional”:
- armas nucleares;
- mísseis de longo alcance –incluindo mísseis lançados por submarinos;
- e armas espaciais.
Em órbita, o novo satélite poderá melhorar as capacidades militares da Coreia do Norte. Ankit Panda, do Carnegie Endowment for International Peace, disse à CNN norte-americana que o satélite “lhes dará uma capacidade que antes não tinham, o que pode ajudá-los na seleção de alvos militares e na avaliação de danos.”
Desenvolvimento de armas nucleares. Ainda em meio às notícias do lançamento do satélite espião, surge também uma preocupação com o desenvolvimento de armas nucleares por parte de Pyongyang. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que a unidade de pesquisa nuclear norte-coreana de Yongbyon retomou as atividades, e serviços secretos sul-coreanos alertaram que um sétimo teste nuclear subterrâneo poderá ocorrer em 2024.
O satélite espião
O satélite espião Malligyong-1 foi colocado em órbita depois de duas tentativas frustradas, em maio e agosto. Ele deverá ser usado para monitorar os movimentos militares dos EUA e as posições militares do lado sul-coreano da Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), uma faixa que divide a península.
A Coreia do Norte afirmou que o satélite espião já enviou imagens da Casa Branca, do Pentágono e de porta-aviões nucleares dos EUA. O satélite também teria tirado fotografias de uma base naval dos EUA, um estaleiro e um campo de aviação na Virgínia; além de instalações militares na Coreia do Sul, disse a agência de notícias estatal KCNA.
Operação não foi confirmada por outros países. No entanto, de acordo com o The Guardian, a existência dessas imagens não foi verificada de forma independente, e especialistas afirmam que é muito cedo para determinar se o Malligyong-1 está funcionando corretamente, apenas uma semana após o seu lançamento e considerando as outras tentativas frutradas.
Ajuda da Rússia e planos futuros. Autoridades de inteligência sul-coreanas disseram acreditar que a Rússia ajudou a Coreia do Norte a lançar o Malligyong-1 em troca de munição para a guerra na Ucrânia. Após o lançamento, a Coreia do Norte alertou ainda que continuaria a exercer seus direitos soberanos —inclusive por meio de lançamentos de satélites.
Fonte: Reuters.