Home GuerrasCerco de Trump contra regime Maduro indica preparação para ‘intervenção militar’ dos EUA na Venezuela

Cerco de Trump contra regime Maduro indica preparação para ‘intervenção militar’ dos EUA na Venezuela

por Últimos Acontecimentos
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O governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, enviou navios de guerra, um submarino e aviões espiões para perto da costa da Venezuela. Oficialmente, autoridades norte-americanas alegam que se trata de uma operação contra o tráfico de drogas. Por outro lado, especialistas afirmam que o aparato militar sugere uma possível intervenção contra o regime de Nicolás Maduro.

Contexto: A movimentação militar começou a ser noticiada pela imprensa americana no dia 16 de agosto. Desde então, o governo dos EUA tem se negado a comentar detalhes da operação.

  • Pelo menos sete navios foram enviados para o sul do Caribe, incluindo um esquadrão anfíbio, além de 4.500 militares e um submarino nuclear. Aviões espiões P-8 também sobrevoaram a região, em águas internacionais.
  • A operação se apoia no argumento de que Maduro é líder do suposto Cartel de los Soles, classificado pelos EUA como organização terrorista.
  • Os EUA consideram o presidente venezuelano um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão dele.
  • A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a comentar objetivos militares, mas disse que o governo Trump vai usar “toda a força” contra Maduro.
  • O site Axios revelou que Trump pediu um “menu de opções” sobre a Venezuela. Autoridades ouvidas pela imprensa americana não descartam uma invasão no futuro. Veja detalhes mais abaixo.
  • Enquanto isso, Caracas vem classificando a movimentação como uma “ameaça” e mobilizando militares e milicianos para se defender de um possível ataque.

De acordo com a agência Reuters, analistas avaliam que a frota enviada ao sul do Caribe é desproporcional para uma simples ação contra o tráfico. Um esquadrão anfíbio, por exemplo, poderia ser usado para uma invasão terrestre.

Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que, em um primeiro momento, uma invasão terrestre pode ser inviável, mas um bombardeio é possível.

“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse.

“Não é simplesmente um blefe. Há preparação para algum tipo de intervenção militar.”

O que está por trás da operação

Os Estados Unidos afirmam que a operação pretende bloquear a entrada de drogas no país. No entanto, o Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 da ONU aponta que as principais substâncias consumidas pelos americanos não vêm da Venezuela.

Santoro avalia que, de fato, o crime organizado é uma preocupação do governo Trump. Desde o início do mandato, o presidente tem colocado cartéis de tráfico de drogas na mira, principalmente do México e da Venezuela.

Por outro lado, Trump tem usado a estratégia de classificar essas organizações estrangeiras como terroristas para poder empregar as Forças Armadas em ações contra crimes comuns.

“Tentar ligar o tráfico de drogas ao terrorismo é a maneira que ele tem de poder envolver os militares. Isso reforça também a mensagem central do governo dele, de que a imigração latino-americana é um problema econômico e até mesmo de segurança nacional”, diz.

Além disso, o professor elenca outros dois fatores que podem estar por trás da manobra de Trump: o petróleo venezuelano e a influência da Rússia e da China na região.

Petróleo: Dados do Relatório Mundial de Energia de 2025 indicam que a Venezuela continua sendo o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, com 302,3 bilhões de barris. Os Estados Unidos aparecem em 9º lugar no ranking, enquanto o Brasil ocupa a 15ª posição.

  • Em 2023, antes de ser reeleito, Trump disse que, se tivesse vencido as eleições de 2020, teria aproveitado a crise na Venezuela para “tomar” o país e pegar “todo aquele petróleo”.

🫵 Influência: A Venezuela mantém proximidade com a China e a Rússia. Esses dois países reconheceram a vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 2024, apesar de o pleito ter sido fortemente questionado por grande parte da comunidade internacional.

  • “Uma eventual intervenção americana na Venezuela seria também uma mensagem política para a China e para a Rússia, dizendo: ‘Não se metam por aqui. A América Latina não é um lugar para vocês’”, afirma Santoro.
  • O Irã também é um forte aliado da Venezuela e parabenizou Maduro pela reeleição no ano passado.

“A Venezuela, nesse sentido, é a tempestade perfeita do ponto de vista retórico, porque junta todos esses fatores para ter grande aceitação nos EUA. Tem a questão do petróleo, tem a questão da China e da Rússia e tem a questão do crime organizado.”

Maduro pode cair?

Na sexta-feira (29), com base em fontes da Casa Branca, o site Axios revelou que os conselheiros mais próximos de Trump ainda não têm certeza se a atual operação militar no Caribe visa provocar uma mudança de regime na Venezuela.

Segundo a reportagem, Trump pediu um “menu de opções” e ainda deve tomar uma decisão. As fontes negaram descartar uma invasão, mas consideram que, no momento, ela é improvável.

O Axios diz que uma das hipóteses em discussão seria um ataque aéreo contra instalações ligadas à produção de cocaína ou a cartéis. Outra possibilidade mencionada é o uso de drones contra o próprio Maduro — considerada menos plausível por ora.

Em um provável ataque dos EUA, Santoro avalia que a capacidade defensiva da Venezuela seria muito limitada. O arsenal militar venezuelano é defasado e pequeno em comparação ao poderio americano.

Fonte: G1.

“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras;…” Mateus 24:6

30 de agosto de 2025.

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