A China mobilizou nesta semana um número recorde de navios de guerra e da guarda costeira nas águas do Leste Asiático, na maior demonstração de força naval de 2025, segundo a agência de notícias Reuters.
O aumento da atividade militar chinesa ocorre no momento em que a China e o Japão enfrentam a pior crise diplomática em décadas. A crise começou após a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, ter dito, no início de novembro, que um ataque chinês hipotético contra Taiwan poderia desencadear uma resposta militar de Tóquio. Pequim se enfureceu com a declaração.
O governo chinês também se irritou com o anúncio feito no mês passado pelo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, de um aumento em US$ 40 bilhões (cerca de R$ 215 bilhões) nos gastos em Defesa ante as ameaças da China, que considera a ilha como parte de seu próprio território.
O final do ano é uma época tradicionalmente movimentada com exercícios militares chineses, embora o Exército de Libertação Popular não tenha feito nenhum anúncio de exercícios em larga escala oficialmente nomeados.
Os navios chineses se aglomeraram em águas que se estendem desde a parte sul do Mar Amarelo, passando pelo Mar da China Oriental e descendo até o contestado Mar do Sul da China, bem como no Pacífico, segundo quatro fontes de segurança ouvidas pela Reuters. Em um determinado momento, a quantidade de embarcações militares chinesas mobilizadas ultrapassou as 100.
Os relatos das fontes de segurança foram corroborados por relatórios de inteligência de um país da região, que detalharam a mobilização. A Reuters analisou os relatórios sob a condição de não citar o nome do país.
Na manhã desta quinta-feira, havia mais de 90 navios chineses operando na região, em comparação com os mais de 100 existentes em um determinado momento no início desta semana, segundo os documentos.
As operações excedem o destacamento naval em massa da China em dezembro do ano passado, o que levou Taiwan a elevar seu nível de alerta, disseram as fontes à Reuters.
Na sexta-feira, Taiwan e Japão manifestaram preocupação com as atividades militares chinesas na região. O governo taiwanês pediu a Xi Jinping que “cumpra suas responsabilidades como grande potência e exerça a moderação”.
A porta-voz da Presidência de Taiwan, Karen Kuo, disse que a atividade chinesa não se limitava ao Estreito de Taiwan, palco de frequentes incidentes de menor escala. “Isso de fato representa uma ameaça e um impacto para o Indo-Pacífico e para toda a região”, disse Kuo.
O ministro da Defesa japonês, Shinjiro Koizumi, disse que o Japão acompanha “com muita atenção” os movimentos militares chineses, mas evitou comentar de forma específica a movimentação recorde.
“A China vem expandindo e intensificando suas atividades militares nas áreas ao redor do Japão, e fazemos um esforço constante para coletar e analisar informações sobre esses movimentos com grande atenção”, afirmou a repórteres, sem especificar um período.
Taiwan em alerta
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O diretor-geral do Departamento de Segurança Nacional de Taiwan, Tsai Ming-yen, disse na quarta-feira que a China está agora no que é geralmente a estação mais ativa para seus exercícios militares.
Desde a manhã de quarta-feira, a China tem quatro formações navais operando no Pacífico ocidental, e Taiwan está mantendo a observação sobre elas, disse Tsai, sem dar detalhes.
“Portanto, devemos nos antecipar ao inimigo da forma mais ampla possível e continuar a observar atentamente quaisquer mudanças nas atividades relacionadas”, disse ele, quando perguntado se a China poderia realizar novos exercícios específicos para Taiwan antes do final do ano.
Os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores da China, bem como seu Escritório de Assuntos de Taiwan, não responderam aos pedidos de comentários.
Taiwan tem uma compreensão completa e em tempo real da situação de segurança no Estreito de Taiwan e na região mais ampla e “pode garantir que não haja preocupações com a segurança nacional”, disse Kuo em comunicado.
Taiwan continuará trabalhando em estreita colaboração com parceiros internacionais para impedir qualquer ação unilateral que possa ameaçar a estabilidade regional, acrescentou.
Fonte: Reuters.
