A China emperrou nesta segunda-feira, dia 20, a entrada da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) no Comitê sobre Organizações Não-Governamentais (ONGs) das Nações Unidas, durante reunião em Nova York. A Anajure vai tentar reverter a objeção chinesa.
A Anajure conta com apoio do Itamaraty para ingressar no comitê da ONU. Ele é diretamente vinculado ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), ao qual estão afiliadas com status consultivo “especial” cerca de 4,4 mil ONGs de todo o mundo. Essa é a credencial à qual a Anajure se candidatou.
As ONGs buscam se credenciar no comitê com status consultivo para poder emitir opinião nos fóruns das ONU e encaminhar documentos sobre assuntos a que se dedicam para apreciação dos diplomatas, emitindo ao Ecosoc um relatório de atividades a cada quatro anos.
O Brasil é 1 dos 19 países cujas delegações fazem parte do Comitê das ONGs e tem atualmente 44 organizações com status “especial” dedicadas a temáticas distintas como gênero, LGBT, crianças, indígenas, ciência, meio ambiente e direitos humanos. A Anajure espera ser a primeira de viés religioso-protestante.
Por meio de um representante no encontro desta segunda-feira, a China pediu mais explicações sobre a presença da Anajure e suas atividades no exterior. Nos bastidores, circula a hipótese de que cobranças da Anajure por respeito aos direitos humanos na China possam ter desagradado.
O Estadão apurou que uma carta explicativa sobre suas atividades já foi redigida para distribuição entre as delegações nesta terça-feira, dia 21. A entidade pretende também fazer lobby para remover a objeção junto à embaixada chinesa em Brasília.
Embora mantivesse diálogo com ministros de Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT), a associação ampliou a interlocução política no governo de Jair Bolsonaro, inclusive com o próprio presidente. Apesar de se declarar independente, a Anajure apoia grande parte das decisões de Bolsonaro e dá sustentação, sob a ótica religiosa, a uma série de medidas do governo.
Fonte: Estadão.