O Irã disse nesta segunda-feira que está mais inclinado a vender armas do que comprá-las, após anunciar o fim de um antigo embargo de armas convencionais da ONU.
Teerã disse que a proibição imposta há mais de uma década foi suspensa “automaticamente” no domingo, com base nos termos de um acordo nuclear histórico com potências mundiais de 2015, do qual o arquiinimigo da República Islâmica, os Estados Unidos, se retirou.
“Antes de ser um comprador no mercado de armas, o Irã tem a capacidade de fornecer” a outros países, disse a repórteres o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh.
“É claro que o Irã não é como os Estados Unidos, cujo presidente quer vender armas mortais para massacrar o povo iemenita”, acrescentou ele, referindo-se às armas americanas compradas pela Arábia Saudita, que lidera uma coalizão militar no Iêmen – combatendo rebeldes Houthi apoiados por Teerã.
O Irã fornece armas para uma rede de grupos terroristas no Oriente Médio, incluindo o Hezbollah do Líbano e o Hamas da Faixa de Gaza, bem como o regime de Assad na Síria e milícias jihadistas no Iraque.
O levantamento do embargo permite ao Irã comprar e vender equipamentos militares, incluindo tanques, veículos blindados, aviões de combate, helicópteros e artilharia pesada.
De acordo com Khatibzadeh, o Irã vai “agir com responsabilidade” e vender armas para outros países “com base em seus próprios cálculos”.
O embargo à venda de armas ao Irã deveria começar a expirar progressivamente a partir de 18 de outubro, nos termos da resolução da ONU que consagrou o acordo nuclear de 2015.
No entanto, Washington argumentou que a venda de armas ao Irã ainda violaria as resoluções da ONU e ameaçou aplicar sanções a qualquer pessoa envolvida em tais negócios.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do acordo nuclear e começou a reimpor unilateralmente sanções econômicas ao Irã em 2018.
O ministro da Defesa do Irã, Amir Hatami, disse à televisão estatal no domingo que seu país depende principalmente de suas próprias capacidades militares.
Ele disse que a guerra Irã-Iraque na década de 1980 ensinou a Teerã a “importância da autossuficiência” e a levou a “produzir 90% de nossas necessidades de defesa localmente”.
Hatami acrescentou que “vários países” contataram o Irã sobre o potencial comércio de armas. Mas ele enfatizou que “nossas vendas serão muito mais expansivas (do que compras)”.