Em todo o mundo, muitas crianças se encontram em situação de vulnerabilidade, garante a Convenção sobre os Direitos da Criança, destinada a proteger as crianças; esse tratado é um dos mais assinados de todos os tempos. No entanto, as crianças continuam a enfrentar perseguição quando estão inseridas em uma minoria religiosa, como a cristã. O departamento de pesquisa da Portas Abertas realizou um estudo para entender como os pequenos seguidores de Jesus enfrentam a perseguição.
Quais as consequências da perseguição religiosa para as crianças?
As crianças são afetadas direta e indiretamente por discriminação religiosa, assédio e intolerância. Tudo dependerá se são meninos ou meninas e de onde vivem. Isso tem um impacto severo em toda a vida. As pesquisas apontam que as crianças são indiretamente atingidas pela opressão de pais e parentes. Prisão, viuvez, divórcio forçado e custódia negada de crianças levam à separação de filhos dos pais cristãos. Isso é traumático para elas e também tem efeitos nocivos a longo prazo. A discriminação contra famílias e comunidades cristãs também afeta as crianças no acesso a cuidados de saúde e suprimentos básicos, como comida e água.
Restringir as atividades das igrejas e dos pais cristãos leva à discriminação contra as crianças e as priva de aprender mais sobre Jesus. Sem acesso ao apoio comunitário, os meninos e as meninas cristãos podem enfrentar as pressões da intolerância ou da rejeição da comunidade sozinhos. Por exemplo, na China, crianças menores de 18 anos são proibidas de frequentar cultos da igreja ou receber qualquer educação religiosa.
As crianças cristãs também enfrentam perseguição no contexto escolar. O bullying de colegas e professores é comum. Em alguns contextos, é negado a elas o acesso a escolas e faculdades. Nos lugares mais hostis ao cristianismo, as crianças são examinadas na escola para qualquer indicação de afiliação religiosa não aprovada pelo Estado, como na Coreia do Norte. Em outros países, elas são forçadas a participar de ensinamentos e ritos da religião majoritária. Por exemplo, no Iêmen, o currículo escolar é altamente islamizado, e as crianças podem estar sob pressão para realizar orações islâmicas.
Quando os adolescentes exercem o direito de se identificar como cristãos, eles também correm o risco de serem diretamente assediados verbalmente por colegas, professores, membros da comunidade e até membros da própria família. Na Índia, a crescente influência do nacionalismo hindu extremista é um dos principais impulsionadores desse assédio. Isso pode levar a agressões físicas e sexuais, sendo essa última particularmente comum para meninas. As garotas também estão especialmente em risco de sequestro, comumente para fins de tráfico e casamento forçado. Os meninos tendem a ser mais vulneráveis a outros tipos de violências físicas.
Qual o impacto da perseguição às crianças no futuro da Igreja Perseguida?
Registrar o nascimento de uma criança é uma ação comum para pais em todo o mundo. No entanto, para os pais cristãos, esse ato pode ser cheio de dificuldades. Eles podem ser forçados a registrar a criança sob a religião majoritária. Essa é a discriminação que eles sofrem em nome dos filhos, mas que terá impacto ao longo da vida das crianças.
Por exemplo, quando uma menina sofre violência sexual por causa de sua identidade cristã, há o trauma imediato da violência e vergonha associada a ela e à família. Além disso, o trauma também pode afetar as chances futuras de casamento e emprego. Os cristãos em todo o mundo, muitas vezes, estão em ciclos de pobreza devido a limitações na educação e à associação da vergonha e do estigma.
Isso significa que as igrejas são compostas por alguns dos membros mais vulneráveis, aqueles cuja sobrevivência e crescimento nessa comunidade religiosa determinarão em grande parte a longevidade daquela comunidade onde residem atualmente.
Quando as crianças são removidas da igreja por sequestro, separação familiar, tráfico e conversão e casamento forçados, a propagação do evangelho para os pequeninos também é interrompida, negando o direito de criar a próxima geração de cristãos para se tornar uma comunidade de fé estável no futuro.