Participante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e com influência nas decisões da União Europeia, a Polônia tem aprimorado significativamente a artilharia de seu Exército, que já é o terceiro maior entre os membros da Organização. O principal motivo para a ampliação das forças armadas polonesas vem da Rússia: a atuação do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia ameaça a segurança do bloco.
Polônia: liderança na UE e ampliação de poder bélico
No início de 2025, a Polônia assumiu a liderança temporária da União Europeia. No cargo pelos próximos seis meses, conforme a presidência rotativa do bloco, o governo polonês tem como prioridade a segurança das nações que fazem parte da UE. De acordo o jornal The Economist, as autoridades polonesas têm aumentado os gastos com defesa e pode se tornar a nova “âncora de segurança oriental” da Europa.
Estamos enfrentando uma ameaça enorme. Se não aproveitássemos esta oportunidade [a presidência da UE] para desenvolver nossa segurança, seria um fracasso histórico e trágico.Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro da Polônia ao The Economist
Entre os membros da Otan, as forças armadas polonesas ocupam o terceiro lugar. À frente, estão somente as forças dos Estados Unidos e da Turquia. Atualmente com mais de 200 mil membros, o exército da Polônia tem um orçamento de US$ 35 bilhões (cerca de R$ 206 bilhões na cotação atual), segundo o The Economist.
No continente europeu, somente Reino Unido, França e Alemanha investem mais em suas respectivas forças armadas. Em relação PIB, no entanto, o investimento da Polônia é maior do que o orçamento destes países.
Para as autoridades polonesas, eventuais decisões e cortes de Donald Trump podem representar uma potencial ameaça à segurança da Europa. Ao assumir o segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, Trump questionou o aporte financeiro do país para a Otan. “Não sei se deveríamos estar gastando alguma coisa [com o grupo]”, disse na última semana. Segundo Trump, os membros da Otan deveriam direcionar 5% de seus PIBs ao bloco. Visando ser uma “ponte” entre a UE e os EUA, a Polônia aumentará de 4,1 para 4,7% de seu PIB reservados à Otan em 2025. “Fizemos o que Trump esperava […] Sem os EUA, a Otan não funciona”, declarou Kosiniak-Kamysz.
Para o The Economist, “a fronteira oriental da Europa parece instável”. Além da incerteza em relação ao compromisso de Trump com a Otan, o avanço das forças armadas comandadas por Vladimir Putin na Ucrânia, em um conflito que perdura há quase três anos, também ameaça parte do continente.
Na tentativa de se proteger contra estas eventuais ameaças, a Polônia segue aumentando seu poder bélico. Segundo o The Economist, as forças armadas do país estão negociando com a Coreia do Sul a compra de centenas de novos tanques, obuses [peça de artilharia destinada a lançar projéteis com trajetórias curvas] e sistemas de foguetes de lançamento múltiplo. Em acordos bilionários com os Estados Unidos, a Polônia adquiriu, ainda, 96 helicópteros de ataque Apache e US$ 2,5 bilhões (mais de R$ 14 bilhões) para aprimorar seus sistemas de defesa aérea.
A Polônia e o conflito Rússia x Ucrânia
Segundo a análise do The Economist, a “hesitação da Polônia tem sido mais clara na questão de receber tropas da Otan na Ucrânia, se um cessar-fogo puder ser alcançado”. A sugestão, levantada pelo presidente da França Emmanuel Macron, ganhou força em dezembro, quando Trump prometeu acabar com a guerra entre as tropas de Putin e do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Segundo Donald Tusk, primeiro-ministro da Polônia, o país “não estava planejando” enviar soldados ao conflito. A atitude de Tusk, conforme o The Economist, é um “desacordo” com as intenções nacionais por maior peso nas questões de segurança da UE. Para o ministro da Defesa Kosiniak-Kamysz, qualquer decisão em relação à participação da Polônia na guerra contra Putin teria que ser tomada pela Otan como um todo. Segundo Zelensky, se a Polônia se opuser à adesão da Ucrânia à Otan, as autoridades polonesas devem começar o “treinamento militar para se preparar para uma guerra com a Rússia”.
Mais importante é a sensação de que, ao lidar com aliados, a Ucrânia ignora a Polônia. Volodymyr Zelensky prefere falar com os EUA, Reino Unido, França, Alemanha e a Comissão Europeia. Seu governo entende pouco seu vizinho ocidental The Economist sobre a relação entre Ucrânia e Polônia na guerra contra a Rússia
Putin declarou, na última terça-feira (28), que o conflito com a Ucrânia terminaria rapidamente sem apoio do Ocidente. “[As forças armadas ucranianas] Não resistiriam um mês se o dinheiro e, em um sentido amplo, as balas acabassem. Tudo terminaria em um mês e meio ou dois”, disse Putin a um repórter da televisão estatal russa.
Fonte: AFP.