O confronto entre a Tailândia e o Camboja se expandiu nesta sexta-feira (25), com trocas de bombardeios em diferentes regiões da fronteira entre os dois países. O embate, que já deixou 18 mortos, decorre de uma disputa territorial entre os dois países que já dura semanas e agora se transformou em conflito armado.
O primeiro-ministro interino da Tailândia alertou nesta sexta que os combates “podem evoluir para uma guerra se a situação se agravar”. O governo tailandês fechou a fronteira com o Camboja na quinta, e nesta sexta declarou lei marcial em oito distritos, em duas províncias diferentes, ao longo da fronteira com o Camboja.
As autoridades tailandesas afirmam que ao menos 17 pessoas morreram desde quinta-feira, entre eles 13 civis. Já o governo do Camboja, informou uma morte em seu território. Mais de 130 mil pessoas foram evacuadas das áreas de conflito no lado tailandês, segundo autoridades locais.
Os dois países trocaram tiros de artilharia pesada pelo 2º dia consecutivo nesta sexta-feira, enquanto o pior confronto entre os dois países em mais de uma década se intensificou e se espalhava para novas áreas, apesar dos apelos internacionais por um cessar-fogo. A Tailândia acusa o Camboja de crimes de guerra, e o Camboja afirma que o Exército tailandês usou bombas de fragmentação —proibidas por tratados internacionais
O Camboja afirmou nesta sexta que é favorável a uma proposta de cessar-fogo no conflito proposta pela Malásia, mas a Tailândia rejeita intermediação do vizinho e disse estar aberta ao diálogo com o governo cambojano.
Na quinta (24), o Camboja informou que a Tailândia posicionou seis caças F-16, em um raro deslocamento para combate. Um deles bombardeou um alvo militar cambojano, ação que o país classificou como “agressão militar imprudente e brutal”.
Os países culpam um ao outro por iniciar o confronto armado na quinta-feira, em uma área de fronteira disputada, que rapidamente escalou de tiros com armas leves para intensos bombardeios em diversos locais ao longo de 209 km da fronteira, cuja soberania é disputada há mais de um século.
Os Estados Unidos, aliados históricos da Tailândia por tratado, pediram “cessação imediata das hostilidades, proteção aos civis e uma solução pacífica”.
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, presidente da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da qual Tailândia e Camboja são membros, disse ter conversado com líderes de ambos os países e os instou a buscar uma saída pacífica.
Crise diplomática
Na noite desta quarta (23), a Tailândia retirou seu embaixador do Camboja e anunciou a expulsão do embaixador cambojano em Bangkok. Isso porque, segundo a Reuters, dois soldados perderam um membro ao pisar em uma mina terrestre que teria sido colocada recentemente em uma área disputada.
As autoridades tailandesas alegam que as minas foram recentemente instaladas em caminhos que, por acordo mútuo, deveriam ser seguros. Disseram que os explosivos eram de fabricação russa e não do tipo utilizado pelo exército tailandês. O Camboja rejeitou as alegações como “acusações infundadas”, ressaltando que muitas minas e outros artefatos explosivos não detonados são heranças de guerras e conflitos do século XX.
A AP aponta que a medida também foi uma resposta ao fechamento dos postos fronteiriços no nordeste da Tailândia com o Camboja.
Há mais de um século, os países disputam a soberania de vários pontos não demarcados ao longo de sua fronteira terrestre de 817 km, o que já resultou em confrontos esporádicos e pelo menos uma dúzia de mortes — incluindo uma troca de artilharia que durou uma semana em 2011.
Fonte: G1.