Soldados do Quirguistão e do Tajiquistão, duas antigas repúblicas da União Soviética na Ásia Central, entraram em confronto entre estas quinta (29) e sexta-feira (30). Estima-se que o número de mortos tenha chegado a 40, além de 175 feridos, segundo a Associated Press. Após um dia de conflito, ambos os países concordaram em um cessar-fogo.
Quirguistão e Tajiquistão disputam uma pequena área ao redor de uma estação de abastecimento de água na vila de Kok-Tash, dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas como quirguizes. Essa controvérsia existe desde a época em que os dois países ainda integravam a União Soviética (saiba mais abaixo nesta reportagem).
Por causa dos confrontos, mais de 11 mil pessoas tiveram de deixar suas casas no Quirguistão. Autoridades locais disseram que parte desses moradores foram levados a centros já preparados para acolher desabrigados temporários.
Entenda o conflito
Os países têm divergências pela demarcação de territórios durante a época da União Soviética, em particular no que diz respeito à divisão do fértil vale de Fergana — que também compartilham com o Uzbequistão. O traçado das fronteiras separou alguns grupos de seu país de origem, e até hoje esse traçado tem contornos irregulares. Veja o MAPA acima.
Mais de um terço da fronteira Quirguistão-Tajiquistão é alvo de disputa, especialmente a área ao redor do território tadjique de Vorukh, onde explodiram os confrontos de quinta-feira, e as rivalidades aumentaram pelo acesso à água. As duas partes trocaram acusações pelos confrontos.
O Comitê de Segurança Nacional do Quirguistão afirmou que o país vizinho “provocou deliberadamente um conflito” e acusou o Tajiquistão de ter “instalado posições para efetuar tiros mortais”.
Do outro lado, Conselho Nacional de Segurança do Tajiquistão acusou o exército quirguiz de abrir fogo contra as tropas tajiques na área de abastecimento de água de Golovnaya, no rio Isfara.
O presidente tadjique Emomali Rahmon se reuniu em julho de 2019 com o presidente quirguiz na época, Sooronbai Jeenbekov, e os dois protagonizaram um simbólico aperto de mãos em Isfara, no Tadjiquistão. No entanto, nenhum avanço sobre a questão fronteiriça foi feito desde então.
Fonte: G1.