O pai de Batoul (pseudônimo) era um extremista islâmico que obrigava a esposa e as filhas repetirem todas suas orações a Alá, usar o hijab (véu islâmico) e roupas que cobrem todo o corpo. Porém, não havia amor em suas ações e palavras. “Nós tínhamos muito medo do meu pai; o menor ato que o descontentasse resultaria em gritos e agressões”, explica a jovem do Norte da África.
Após alguns ataques de extremistas na região onde vivem, o chefe da família começou a questionar suas crenças. Então, em uma viagem de ônibus, o homem ouviu sobre o evangelho e resolveu seguir a Jesus. “Pela graça de Deus, ele ouviu a voz do Senhor, abriu seu coração e renasceu. Após sua conversão, meu pai mudou muito”, testemunha Batoul.
Perseguição dentro de casa
A jovem ficou curiosa pela transformação do pai e passou a observar cada passo dele, inclusive quando recebia cristãos em casa. “Eu gostava tanto que me sentava com eles o tempo todo, ouvindo os hinos. Eu amava tudo!”, relembra. Aos 11 anos, Batoul decidiu seguir a Jesus e, aos 16, foi batizada.
Nesse período, a jovem cristã começou a enfrentar perseguição dentro de casa. Ela tornou-se alvo da ira da mãe e das irmãs. “Minhas irmãs não podiam se opor na frente do meu pai porque ele também era cristão, mas em sua ausência, elas me batiam e diziam: ‘Quanto dinheiro eles deram para você ser uma infiel? Que preço eles pagaram por sua traição?’”, relembra.
Diante desse cenário, o pai de Batoul ficou ausente. “Ele se distanciou de nossos problemas porque não sabia como proteger sua filha cristã sem ferir o resto da família muçulmana”.
Durante a pandemia de COVID-19, a hostilidade contra Batoul piorou, porque ela estava presa em casa com suas perseguidoras. “Elas não me davam um único dia de trégua de suas zombarias e pressão impiedosa para fazer as orações islâmicas, vestir o hijab, e voltar ao islamismo”, lamenta.
Uma família da fé
Após o período de quarentena, o colaborador da Portas Abertas, irmão Youssef*, soube do sofrimento de Batoul e passou a discipulá-la. “Ele me fortaleceu, me lembrando de olhar para Cristo e de trazer à memória como Jesus foi perseguido, crucificado, agredido e enfrentou grandes sofrimentos. Como seus seguidores, nós também enfrentaremos tais provações”, garante a cristã.
Batoul começou a frequentar a igreja doméstica que o irmão Youssef liderava. A maioria dos participantes é de cristãos de origem muçulmana e muitos deles enfrentam perseguição por parte da família. Ao encontrar a família da fé, a jovem seguidora de Jesus teve a vida mudada pela comunhão com outros irmãos. “Eu senti Cristo me mudando quando cheguei ao ponto de perdoar cada pessoa que tinha me ferido ou cometido uma injustiça em minha vida”, completa.
Os ricos de ser cristã
O compromisso duradouro de Batoul com Jesus ajudou a melhorar seu relacionamento com a mãe e as irmãs. No entanto, a jovem cristã corre outros riscos fora de casa: “Como cristãos e membros de uma igreja, enfrentamos problemas com o governo. Quando nos reunimos aos domingos, nós não fazemos barulhos altos quando cantamos hinos para que os vizinhos não chamem a polícia ou prestem queixa”.
Por meio da Portas Abertas, Batoul iniciou um ministério com outras jovens cristãs que são rejeitadas pela família e comunidade. “Eu tenho esperança de que o Senhor não deixará ninguém nas trevas, que ele não deixará que toda essa perseguição seja desperdiçada. Isso é apenas um teste para nós, e todos conhecerão a palavra do Senhor, e todas as coisas terríveis que passamos desaparecerão”, finaliza.
Apoie cristãs no Norte da África
Para resistir à perseguição da família, comunidade e autoridades, cristãs precisam de treinamento no Norte da África. Faça uma doação e permita que mulheres sejam capacitadas para responder à perseguição biblicamente.