O programa europeu de observação da Terra Copernicus anunciou nesta quarta-feira (9) que 2025 teve o mês de junho mais quente já registrado na Europa ocidental. Segundo o relatório da instituição, temperaturas “extremas” atingiram o continente durante duas ondas de calor consecutivas e precoces.
Em comunicado, o Copernicus lembrou que as duas ondas de calor que ocorreram em junho na Europa foram “excepcionais”. Em alguns países, como a Espanha e a França, as temperaturas ultrapassaram os 40°C. Já Portugal registrou o recorde de 46,6°C em 30 de junho, “um dos dias mais quentes já registrados no continente”.
A sensação térmica foi ainda pior, ressalta o documento. Devido a outros fatores, como a umidade e o vento, no norte de Lisboa o índice universal do clima térmico (UTCI, sigla em inglês) chegou a 48°C, submetendo os organismos a um forte estresse térmico. As chamadas “noites tropicais”, quando as temperaturas não descem abaixo dos 20°C, foram registradas 24 vezes na Espanha em junho, 18 vezes a mais do que o normal. Outras regiões próximas do Mediterrâneo, em que esse fenômeno não é registrado neste período do ano, tiveram entre 10 e 15 noites tropicais.
Em uma escala global, junho de 2025 foi o terceiro mais quente, atrás apenas de junho de 2024 (superior em apenas 0,2°C) e praticamente no mesmo nível de 2023 (que foi 0,06°C mais quente). Segundo os dados do Copernicus, 12 países e cerca de 790 milhões de habitantes no planeta foram submetidos a temperaturas jamais registradas no último mês. Foi o caso do Japão, das Coreias do Norte e do Sul, bem como o Paquistão e o Tajiquistão.
Consequências do calor
Segundo a tendência atual, 2025 poderá se tornar o terceiro ano mais quente já registrado. As temperaturas acima da média em junho já resultam em consequências dramáticas no mundo inteiro, como incêndios devastadores no Canadá e no sul da Europa, inundações na África do Sul, na China e no Paquistão.
O calor extremo também teve como efeito o aumento de temperatura no Mar Mediterrâneo. Em sua superfície, as águas chegaram a registrar o recorde absoluto de 27°C em 30 de junho. O fenômeno contribuiu para aumentar a sensação de calor no continente.
“Essas temperaturas excepcionais da água do Mediterrâneo reduziram o resfriamento noturno do ar ao longo da costa e aumentaram a umidade, agravando assim os efeitos do estresse térmico”, destaca Copernicus.
O fenômeno também tem efeitos desastrosos para a biodiversidade marinha e repercussões sobre a pesca e a aquicultura.
Impossível voltar atrás
O Acordo de Paris sobre o Clima, adotado em 2015, levou os países a se comprometerem em limitar o aquecimento global de longo prazo a 1,5°C. No entanto, para a maioria dos cientistas especialistas em mudanças climáticas, será quase impossível permanecer abaixo desse limite.
“No nível global, o clima está aproximadamente entre 1,35°C a 1,4°C mais quente do que na era pré-industrial”, declarou Samantha Burgess, climatologista do Copernicus. A previsão do programa é que a marca de 1,5°C seja atingida em 2029.
Fonte: AFP.