Kim Yo-jong, a irmã do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, ameaçou nesta sexta-feira (14) os Estados Unidos de “dissuasão nuclear esmagadora”, escalando as tensões entre Washington e Pyongyang que se intensificaram nos últimos dias por conta de manobras militares dos dois lados no Mar do Japão.
Yo-jong exigiu ainda que os EUA abandonem o que chamou de “política hostil” contra seu país, segundo a imprensa estatal.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, prometeu que Washington e seus aliados se defenderão de qualquer “agressão” do regime norte-coreano.
“Sob a premissa de que os Estados Unidos não aceitam abandonar sua política contrária à Coreia do Norte (…) Vamos nos esforçar para estabelecer uma dissuasão nuclear esmagadora”, afirmou Kim Yo-jong em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias KCNA.
A irmã do líder norte-coreano também defendeu o lançamento, na quarta-feira (12), de um míssil de combustível sólido que sobrevoou 1.001 quilômetros, a uma altitude máxima de 6.648 km, e caiu no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão.
O lançamento foi um “exercício de autodefesa (…) para proteger a península coreana de uma guerra nuclear”, alegou. Kim Yo-jong acrescentou que ninguém pode culpar o seu país pela “política hostil” dos Estados Unidos.
Em uma reunião em Jacarta, na Indonésia, com os ministros das Relações Exteriores do Japão e Coreia do Sul, o secretário de Estado norte-americano reagiu. “Estamos resolutamente unidos em uma defesa comum e vamos garantir que estamos fazendo todo o possível para impedir e nos defender de qualquer agressão”, disse Blinken.
Coreia do Sul e Japão também reagem
O chefe da diplomacia americana se reuniu com os dois ministros à margem de um encontro de chanceleres da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), do qual também participam países convidados como Estados Unidos, China e Rússia. Os três condenaram o que Blinken chamou de “provocações” de Pyongyang.
“O que a Coreia do Norte está fazendo é completamente contrário às expectativas da comunidade internacional”, disse o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Park Jin.
Em uma declaração conjunta, 10 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo a Coreia do Sul, condenaram o teste de quarta-feira e afirmaram que os 20 lançamentos de mísseis balísticos da Coreia do Norte desde o início do ano são “violações flagrantes de várias resoluções” do organismo.
Kim Yo-jong criticou a declaração, que considera “injusta e parcial”. No início da semana, também acusou os aviões de vigilância militar americanos de violação do espaço aéreo da Coreia do Norte e ameaçou derrubar as aeronaves.
Blinken alerta para ‘coação da China’
Na ocasião, Antony Blinken pediu aos países do Sudeste Asiático que se unam contra a “coação” da China na região Ásia-Pacífico, objeto de tensões entre Washington e Pequim.
“Devemos defender a liberdade de navegação no Mar da China Meridional e Oriental e manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, disse Blinken. “Compartilhamos a visão de um Indo-Pacífico livre, aberto, próspero, seguro, conectado e resistente. (…) Uma região onde os países são livres para escolher seus próprios caminhos e seus próprios parceiros, onde os problemas são tratados abertamente, e não sob coação”, acrescentou, em um discurso à Asean.
O atrito está se intensificando entre a China e alguns membros da Asean, em particular Vietnã e Filipinas, incomodados com as reivindicações de soberania por parte de Pequim sobre quase todo o Mar da China Meridional.
As tensões são ainda mais significativas em relação a Taiwan, um território de governo democrático considerado por Pequim como uma província que, cedo ou tarde, será recuperado – à força, se necessário.
Fonte: RFI.