Recentemente, a organização Anistia Internacional publicou um relatório sobre a violência na Nigéria. A pesquisa afirma que aproximadamente 2.600 pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas em ataques a plantações comunitárias no estado de Benue entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2024.
“Esses ataques afetam significativamente a segurança alimentar e a sobrevivência das famílias, porque as comunidades afetadas dependem da agricultura. Ao serem deslocadas, elas não conseguem levar consigo as plantações”, disse Barbara Magaji, organizadora do Programa Diretor em uma exibição de fotos e coletiva de imprensa em Makurd há duas semanas.
Barbara relatou também que ao menos 55 escolas foram destruídas no período da pesquisa. “Os deslocamentos também privam milhares de crianças do direito à educação e ao desenvolvimento. Em março de 2023, quando inúmeras análises sobre a crise foram feitas, concluiu-se que 489.245 pessoas estão em acampamentos para deslocados internos”, acrescenta a diretora.
A porta-voz da Portas Abertas na África Subsaariana, Jo Newhouse, afirmou que “a Portas Abertas reconhece o valor da atenção da Anistia Internacional à violência contínua e brutal contra a população em Benue e confirma os efeitos devastadores”. O representante acrescentou que os quase 500 mil deslocados internos em Benue não apenas lidam com a insegurança nos acampamentos, mas também com a perda de entes queridos e a falta constante de alimento, água e higiene.
Milhares de deslocados internos
“Eles não recebem toda a ajuda de que precisam. Além disso, a violência não se restringe a Benue, mas avança para outras partes do estado de Plateau”, afirma Jo Newhouse. Diante disso, a Portas Abertas se junta no pedido de que as autoridades em todos os níveis cessem a impunidade e investiguem com diligência a crise de segurança na Nigéria.
“Mas também alertamos o problema de a Anistia Internacional e outras organizações usarem termos ambíguos para designar os causadores da insegurança. De fato, a causa da violência é multifacetada e complexa, porém, termos genéricos como ‘bandidos’ não ajudam a esclarecer a situação, pois cria a impressão de que os ataques são resultados aleatórios da criminalidade e que os causadores da violência são desconhecidos”, aponta a porta-voz da Portas Abertas.
Jo lembra que é de amplo conhecimento os ataques sistemáticos de militantes extremistas contra agricultores cristãos para tomar suas terras. “A maioria da população cristã afetada pela violência vive em contante circulação, enlutada, empobrecida e muito traumatizada. O custo imediato e a longo prazo da violência deve ter um fim. Todos os seres humanos têm direito à proteção, independentemente de fé, etnia ou gênero.” O representante também pede à comunidade cristã global que permaneça em oração por essa situação devastadora, por cura e sobrevivência da igreja na Nigéria.