*Conteúdo sensível: violência extrema
Em um dia comum em 2019, Ernesto foi capturado com outras pessoas durante um ataque de cerca de 100 extremistas do grupo Al-Shabaab no Norte de Moçambique. Além de atirar, eles lançavam facões para matar aqueles que tentavam fugir. “Eles queimaram as igrejas, mas não queimaram a mesquita. Havia duas igrejas naquela vila, ambas foram incendiadas”, testemunha Ernesto.
O cristão e outros sobreviventes foram sequestrados e obrigados a carregar os objetos saqueados pelos jihadistas. Em razão do peso que tinha nos ombros, Ernesto tropeçou e caiu, então, foi obrigado a fazer uma oração islâmica pedindo ajuda para carregar seu fardo. Nesse momento, ele revelou sua fé em Jesus, tornou-se chacota para os militantes e foi obrigado a comer parte de sua orelha cortada pelos radicais.
A crueldade do líder do grupo chocou Ernesto, pois ele tinha entre 14 e 15 anos. “Aquela criança era o chefe do lugar. Ele tinha todas as armas. Se eu me movesse de alguma forma, morreria”, relata. Porém, o castigo de outras pessoas foi pior, muitos foram decapitados e suas cabeças foram exibidas à beira da estrada para mostrar o poder dos jihadistas.
O peso da cruz
Ernesto foi obrigado a fazer uma oração islâmica novamente e ameaçado de morte se não cumprisse a ordem. “Eles procuraram uma árvore grande e cortaram uma estaca, pegaram alguns pregos e pregaram a estaca naquela árvore, para que ela servisse como uma cruz. Eles me levantaram, me encostaram naquela árvore e começaram a pregar meu joelho”, relembra.
Por ser cristão, Ernesto deveria morrer crucificado assim como Jesus, mas os pregos acabaram e os extremistas usaram arames para segurar seus braços. Apesar de sangrar muito, o seguidor de Jesus permaneceu vivo e os jihadistas resolveram queimá-lo.
Sem paciência para presenciar a morte de Ernesto, os jihadistas abandonaram o local. Em seguida, um casal de sobreviventes do ataque saiu dos arbustos e jogou areia para pagar o fogo no corpo de Ernesto. Pela graça de Deus, o cristão sobreviveu e foi foi levado a um hospital para remover os pregos e tratar as queimaduras graves. Ele ficou 45 dias internado e, quando voltou para casa, sofreu com fortes dores da cicatrização, além dos traumas psicológicos das lembranças e de ver seu corpo desfigurado.
“Eu pensei que não era mais ninguém nesta sociedade. Por que isso aconteceu comigo? Era como um filme de terror com um rosto estranho me encarando. Eu até pensei em tirar minha própria vida”, testemunha.
Suportado pela família da fé
Nesse período delicado em sua vida, o cristão conheceu parceiros locais da Portas Abertas. “Quando me encontrei com Ernesto, sua condição era muito séria. Ele reclamava muito de dor e estava muito traumatizado, não apenas pelo que tinha acontecido, mas também porque demorou muito para receber qualquer tipo de apoio [mesmo] da igreja”, explica o colaborador.
Ernesto recebeu cuidados médicos contínuos, como três cirurgias, e sua recuperação durou quase sete meses. “Vocês me ajudaram, oraram por mim e é por isso que estou me sentindo bem, por causa da intervenção de irmãos em Cristo. Sou muito grato à Portas Abertas”, completa.
Além da vida do cristão ser um milagre, Deus fez algo especial em seu coração: “Peço a Deus que perdoe essas pessoas. Não guardo rancor delas, também as perdoei e estou orando para que parem de fazer essas coisas más”.
Apoie cristãos em Moçambique
Cristãos que vivem no Norte de Moçambique são alvos de extremistas islâmicos e precisam de socorro imediato. Com uma doação, você permite que igrejas locais estejam aptas para apoiá-los em suas necessidades urgentes.