Os problemas de David (pseudônimo) começaram no início de 2024. Duas recém-convertidas ao cristianismo o procuraram em busca de ajuda, após receberem ameaças de morte de suas famílias na Nigéria. As duas mulheres, identificadas apenas como Adah* e Naomi*, eram consideradas apóstatas. Elas haviam decidido deixar o islamismo para seguir a Jesus.
David, junto a outro líder da igreja, ajudou as cristãs de origem muçulmana a se refugiarem. Mas, eles foram rastreados por uma quadrilha de sequestradores, e David e o outro ancião da igreja foram sequestrados e torturados. Depois de algum tempo, os sequestradores os entregaram à polícia. Foi então que a força policial da Nigéria acusou David de sequestrar as duas mulheres.
A condenação de David aconteceu em um julgamento de três dias. Ele não teve representação legal e ainda sofria com os ferimentos causados pela tortura. O julgamento ocorreu sem o devido processo legal; as acusações pareciam fabricadas. O magistrado o sentenciou a nove anos de prisão. Advogados aliados da ADF, uma organização cristã internacional, interviram exigindo uma apelação. No mês passado, um juiz do Tribunal Superior anulou a condenação injusta de David.
“Apesar da perseguição em minha comunidade, sei que tenho a vida eterna. Essa é a nossa motivação. Minha comunidade e eu, na fé cristã, nos alegramos por causa da certeza da palavra de Deus.”
David, líder cristão no Norte da Nigéria
Os promotores nigerianos não compareceram. Eles sequer tentaram defender as acusações contra David. “O caso é um lembrete poderoso da crise urgente enfrentada por cristãos e outras minorias religiosas na Nigéria”, observa Sean Nelson, conselheiro jurídico da ADF International. Outros especialistas jurídicos também expressaram preocupação.
Pressão sobre minorias cristãs
“A justiça não deveria ser exceção, mas sim a norma para os cristãos na Nigéria. Aplaudimos a decisão do Tribunal Superior de anular a acusação e condenação injusta de David. Decisões como essa são importantes para restaurar a confiança no sistema judiciário. Ao mesmo tempo, instamos o governo da Nigéria e suas instituições judiciais a tomarem medidas significativas contra o clima persistente de hostilidade contra cristãos e a impunidade generalizada”, disse John Samuel, assessor jurídico da Portas Abertas para a África Subsaariana.
Os casos de Deborah Yakubu, Rhoda Jatau e Sunday Jackson refletem um padrão preocupante em que a justiça é negada aos cristãos. Jackson, um agricultor, ainda aguarda execução por se defender em uma luta de vida ou morte contra um pastor fulani armado que o atacou em sua fazenda. A enfermeira cristã Rhoda Jatau foi presa por 19 meses por criticar o linchamento por blasfêmia da jovem cristã Deborah Yakubu. E no caso de Deborah, seus assassinos se filmaram durante o linchamento. No entanto, os acusados foram libertos porque os promotores decidiram não comparecer ao julgamento.
A Nigéria ocupa o 7º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Portas Abertas, que classifica os países onde os cristãos enfrentam mais perseguição. Dos 4.476 cristãos mortos globalmente por sua fé no período mais recente de relatório, 3.100 (69%) eram nigerianos.
*Nomes alterados por segurança.
Desperta África
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