Mesmo após quase dois anos de turbulência, as tensões permanecem em Manipur, na Índia. Embora haja menos tiroteios nas linhas de frente, jovens armados de ambas as comunidades permanecem em constante vigilância, em meio aos problemas de confiança e conflitos não resolvidos. Para a comunidade kuki, um grande problema é a incapacidade de acessar o único aeroporto em Imphal, dificultando a viagem para fora do estado para tratamento médico, educação e outros propósitos.
Muitos com doenças crônicas e idosos perderam a vida devido aos efeitos combinados do estresse e da falta de acesso a cuidados de saúde de qualidade nas colinas de Manipur. Estudantes agora viajam longas distâncias para provas em estados vizinhos, e muitos de famílias com dificuldades financeiras desistiram dos sonhos de carreira. Enquanto isso, em Imphal, onde a maioria da comunidade meitei deslocada está se estabelecendo, houve casos de os poucos cristãos da etnia enfrentarem perseguição por grupos extremistas como Arambai Tenggol e outros.
Cristãos foram impedidos de participar de reuniões de oração, mesmo em suas próprias casas, e privados de direitos sociais. Em contraste, os kukis, de maioria cristã, não enfrentam perseguição religiosa dentro da comunidade, mas frequentar a igreja em vilarejos na linha de frente é difícil devido ao risco de segurança. Em meio à violência extrema milhares de seguidores de Jesus foram forçados a fugir, tornando-se deslocados internos.
Um propósito em meio às lutas
“Dois anos se passaram, mas ainda há noites em que acordamos pensando que estamos em casa. A divisão social tornou-se mais realista e nossa comunicação com amigos da comunidade oposta parou com um entendimento mútuo não verbal. Há medo, busca por benefícios a partir da desgraça dos outros e celebrações da perda de vidas do lado inimigo nas redes sociais”, conta Lalboi (pseudônimo), um cristão local.
Aqueles que oram constantemente ainda procuram solidariedade e conforto entre outros irmãos em Cristo em Manipur, mas sem sucesso. “Uma vez, vi uma mulher que tinha tanto ódio e desespero em seus olhos que olhava para todos ao seu redor com dissensão”, relata Lalboi.
A magnitude do conflito é tão vasta que ainda há pessoas sofrendo com um fardo imenso, incapazes de reabilitar suas vidas. “As lutas que enfrentamos nos lembram que há um propósito. Em nossa casa, há uma placa, que tem sido nosso guia familiar, que diz: ‘Clame a mim, e eu lhe responderei e lhe mostrarei coisas grandes e poderosas que não sabes. Jeremias 33’. Isso é o que escolho refletir, não na violência e nas perdas, pois muitos têm experiências mais dolorosas do que eu. Escolho refletir no Deus fiel que manteve minha mãe e irmã seguras quando ela orou, apesar da multidão que se aproximava para derrubar nossos portões, e nos amigos meitei que vieram com suprimentos de medicamentos e mantimentos enquanto estávamos nos campos de deslocados internos”, ele conta.
“Até agora, nossa casa está ocupada por pessoas deslocadas de outra comunidade e por um grupo extremista. Não sabemos o que acontecerá no futuro. Por favor, ore pela orientação e proteção de Deus. Graças a Deus, nossa família não perdeu ninguém durante a luta e todos conseguiram sair. Nossa fé tem sido mais forte do que nunca. Graças a Deus as igrejas da comunidade kuki e entre os meitei estão se oferecendo para cuidar espiritualmente de seus irmãos”, acrescenta o cristão deslocado.
“Graças a Deus por muitas igrejas, indivíduos e associações que se apresentaram para ajudar todas as pessoas afetadas. Graças a Deus por nos escolher e por ser nosso consolador e refúgio”, conclui o cristão.
Ore pelos cristãos deslocados no DIP 2025
Há milhares de cristãos deslocados pelo mundo como Laboi na Índia e em outros 60 países. Por meio da oração, é possível mudar a situação de nossa família da fé. Organize o Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2025 em sua igreja e mobilize outras pessoas a orar pelos cristãos forçados a fugir por causa da violência.