A insatisfação da população cresce a cada dia na Coreia do Norte, consequentemente, o regime exerce ainda mais pressão para manter o controle. Entre os principais oprimidos pelo governo estão os cristãos que correspondem a um número ainda indeterminado dos presos políticos na Coreia do Norte.
Simon Lee* conta que “alguns cristãos são presos por causa da fé em Jesus, outros conseguem manter a fé em segredo por algum tempo. Mas o fato é que, quando se descobre um seguidor de Jesus na Coreia do Norte, as punições são muito maiores”.
O próprio sistema de prisão da Coreia do Norte é confuso para os cidadãos. Kim Jin-chul*, um refugiado norte-coreano, conta que, quando criança, sabia muito pouco sobre os campos de trabalho forçado. “O partido fala sobre os campos prisionais, todos sabem que eles existem, mas a maioria dos cidadãos comuns não tem ideia de onde eles ficam. No rádio, às vezes, ouvimos notícias de que ‘um espião foi pego e levado para um campo de trabalho forçado’, mas fiquei surpreso ao descobrir que um desses campos ficava perto do meu vilarejo.”
O mistério dos campos de trabalho forçado
Kim Jin-chul estava admirando as montanhas quando, de repente, observou uma cerca alta com uma placa dizendo “Perigo. Esta é uma cerca elétrica. Não ultrapasse”. Imediatamente, entendeu que estava diante de um campo de trabalho forçado. “Não consegui ver além da cerca, porque tive que fugir rapidamente”.
O que acontece nos campos de trabalho forçado também é um mistério. Somente os que trabalham neles ou estão presos sabem a realidade, mas não podem contar a ninguém para não serem punidos. E não são muitos os que sobrevivem e conseguem sair dos campos para relatar o que acontece lá dentro.
Chin-hwa*, um cristão que conseguiu sobreviver à fome e aos campos de trabalho na Coreia do Norte conta que “quando olho para o passado, muitas cenas de dor se passam em minha mente. Meus pais eram cristãos secretos e foram mandados para os campos de trabalho forçado sob acusação de serem uma família rebelde por causa da fé em Jesus. Apenas o fato de nossa família não negar a fé em Jesus foi a razão de não podermos nos ver, conversar ou ir a lugar algum”, ele conta.
Apesar dos anos de trabalho duro nos campos, o cristão permaneceu firme em Cristo. “Só foi possível resistirmos porque as promessas de Deus estavam em nossas mentes, penetravam o nosso espírito. Nós nos lembramos de Malaquias 4.2, que diz que o sol da justiça nascerá sobre os que temem o nome de Deus”, conta Chin-hwa.
Hoje, Chin-hwa vive escondido em uma área muito inóspita, mas não perde a alegria. “O que pode ser mais glorioso que a felicidade e a liberdade que tenho experimentado todos os dias após tanto tempo nas sombras do sofrimento? Deus olhou para o seu filho na escuridão da dor e deu uma grande oportunidade de experimentar o paraíso na terra antes do tempo”, conclui o cristão.
“A experiência de Chin-hwa prova como é difícil a vida nos campos de trabalho forçado. Quem em sã consciência veria a Coreia do Norte como um paraíso na terra? Apenas alguém que esteve nos campos de trabalho forçado por décadas em condições sub-humanas”, conclui Simon Lee.
*Nomes alterados por segurança.