No dia 3 de maio de 2023, a vida de milhares de cristãos em Manipur, no Nordeste da Índia, mudou para sempre. Uma dessas pessoas é Sian Muang*, um pastor que serve diversas igrejas no estado. “Eu pastoreava mais de dez igrejas na região. No dia 3 de maio, cinco delas foram queimadas, saqueadas ou vandalizadas”, diz Sian. O pastor Sian e sua família (a esposa Jenny* e a filha de 2 anos, Tia*) não puderam fazer nada enquanto milhares de cristãos fugiam e igrejas eram queimadas em todo o estado de Manipur.
A violência teve suas raízes em tensões étnicas e religiosas. Os kuki, que são majoritariamente cristãos, são uma população que recebe auxílios do governo destinados a grupos em vulnerabilidade social. Eles são uma minoria em Manipur. Os meitei, um grupo étnico hindu, são a maioria no estado. Eles vêm lutando para conseguir os mesmos benefícios que os grupos minoritários, o que causou protestos dos kuki. Esses protestos começaram pacíficos, mas a violência tomou conta rapidamente, acabando em um grande conflito iniciado em maio de 2023.
Mesmo as igrejas pertencentes aos meitei foram atacadas por grupos extremistas hindus. Alguns desses grupos foram às casas dos cristãos meitei e exigiram que renunciassem à fé em Jesus. Sian viu essa violência de perto. Cerca de 500 extremistas invadiram igrejas e vandalizaram tudo o que encontraram pela frente.
“Eles queimaram as Bíblias e gritavam insultos a Deus e aos cristãos. Eles invadiram casas e queimaram igrejas. Acredito que foi um ataque intencional para erradicar os cristãos do estado de Manipur”, diz Sian. Ele e sua família são kukis, portanto, o risco de serem mortos era dobrado.
Noites de desespero e oração
“Quando o ataque começou, eu estava longe de casa, ministrando em outro vilarejo, sem saber do que estava acontecendo. Recebi uma ligação da minha esposa e fiquei desesperado ao descobrir que estavam atacando nossa vizinhança e destruindo tudo. Minha esposa estava escondida debaixo da cama com nossa filha. Ela teve de desligar o telefone com medo de que invasores estivessem por perto”, conta Sian.
Não havia nada que Sian pudesse fazer a não ser esperar e orar. “Eu fiquei desesperado e orei a noite toda. No dia seguinte, minha esposa ligou e disse que ela e nossa filha tinham conseguido fugir para uma base militar próxima junto com outras pessoas. Apesar de estarem seguros ali, não havia comida, água e banheiros para todos. Havia milhares de pessoas se abrigando na base.”
Alguns dias depois, Jenny e Tia foram a um aeroporto com a ajuda de alguns amigos. Foi uma viagem arriscada, pois grupos extremistas estavam parando carros na estrada e assaltando todos que eles suspeitassem ser kuki.
Em meio ao caos, cristãos de todo o estado de Manipur, tanto kuki quanto meitei, sofriam com as animosidades, recebendo ameaças de morte. Havia muito medo, e as pessoas não se sentiam seguras mesmo com a polícia ou o exército. Algumas semanas depois, a vila onde Sian estava também foi atacada por extremistas e ele foi forçado a fugir.
“Eu e os outros cristãos fugimos para as colinas. Quando chegamos no topo, vimos as igrejas pegando fogo. Nós nos abraçamos e começamos a chorar. Não havia mais nada a fazer a não ser orar. Conforme avançamos pela floresta, encontramos pessoas mortas e famílias deslocadas procurando por um lugar seguro”, conta Sian.
“Quero que os agressores conheçam Jesus”
Demorou um mês e meio até que Sian pudesse se reunir com sua família. Eles se abrigaram na casa da mãe de Jenny. Apesar do espaço limitado, a segurança era suficiente. A família de Sian não tinha mais nada. Eles só foram capazes de resistir porque vivem para Cristo.
“Eu quero que os agressores conheçam Jesus. Apesar de tudo que perdemos, minha esposa e eu decidimos perdoar os invasores, lembrando de como Cristo nos perdoou e morreu por nossos pecados. Nós somos tão pecadores quanto eles. Aprendemos que devemos orar por quem nos persegue. A verdadeira alegria é ter Cristo, e a fé nele nos dá paz mesmo em meio à devastação”, diz Sian entre lágrimas.
Agora, dois anos depois, as coisas estão mais tranquilas, mas, para milhares de cristãos em Manipur, a violência ainda é uma ameaça presente e ataques continuam acontecendo. Em 2024, diversas pessoas foram mortas e violentadas. Muitas pessoas ainda vivem em acampamentos. Sian visita esses acampamentos oferecendo oração e aconselhamento.
Sua paixão pelos cristãos o levou a se tornar um parceiro local da Portas Abertas. Graças às doações dos parceiros da Portas Abertas ao redor do mundo, Sian começou a oferecer treinamentos de preparação para a perseguição e ajuda humanitária às vitimas de violência.
“Esse treinamento me preparou para enfrentar a situação com coragem. É a mesma coragem que eu desejo para meus irmãos e irmãs. Quero encorajá-los a ter fé como Jó, que perdeu tudo, mas permaneceu firme”, diz Sian.
*Nomes alterados por segurança.
Sua ajuda é fundamental para os cristãos indianos
Contribua para que cristãos deslocados recebam socorro emergencial, cuidados pós-trauma e apoio espiritual. Faça parte da história de milhares de cristãos como Sian e sua família.
Pedidos de oração
- Ore por força, proteção e provisão, para que Sian e sua família continuem servindo às igrejas de Manipur.
- Interceda para que Sian, Jenny e Tia consigam uma nova casa e reconstruam suas vidas.
- Clame para que os jovens afetados pela violência em Manipur não se rendam às drogas e ao sentimento de vingança, mas encontrem paz e conforto em Cristo.
- Ore pelo plano de Sian na construção de uma biblioteca e uma cafeteria que sirva como ponto de encontro e aconselhamento de jovens.