Em meio às densas montanhas e selvas da Colômbia, longe das manchetes nacionais, desenrola-se uma luta silenciosa, porém firme. Não se trata de um conflito tradicional, mas de uma batalha espiritual, cultural e legal travada por indígenas que, apesar da intensa oposição de suas comunidades, escolheram seguir a Jesus Cristo.
Os novos convertidos frequentemente enfrentam exclusão social, vigilância, punições físicas e até expulsão. Em reconhecimento ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, compartilhamos a seguir as histórias de alguns deles.
Na Serra Nevada de Santa Marta, María*, uma mulher indígena arhuaco e mãe de duas filhas, acorda antes do amanhecer. Enquanto o mundo ao seu redor ainda dorme, ela abre sua Bíblia escondida e ora em silêncio. María vive sob a autoridade das tradições locais, em que práticas espirituais ancestrais são lei e divergir delas resulta em duras consequências.
Mãe e filhas vivendo a fé em segredo
Seu pai, um mamo (líder espiritual indígena tradicional), veria sua conversão como traição. Ainda assim, ela escolhe criar suas filhas na fé, com cautela e discrição, pois ser descoberta poderia custar a guarda das crianças. “Eu tinha medo de que, na escola, elas fossem ensinadas com as crenças da comunidade e acabassem confusas. Elas vivem comigo, e eu as ensinei a orar e cantar hinos, mas digo para não fazerem isso na frente dos outros. Peço que não contem a ninguém, e digo que um dia, quando forem maiores, vão entender”, conta María.
Maria se reúne regularmente com Josué*, um missionário indígena apoiado pela Portas Abertas, que viaja para comunidades isoladas na Serra Nevada para encorajar os cristãos que vivem sob ameaça. Eles se encontram secretamente nas montanhas com outros cristãos, adorando em voz baixa.
“Falamos e cantamos suavemente, longe dos outros”, diz María. Com base nas lições do treinamento Permanecendo Firme Através da Tempestade, da Portas Abertas, Josué compartilhou estratégias com ela para suportar a perseguição e a lembra constantemente de que muitos cristãos ao redor do mundo estão orando por ela.
A história de María não é única. Só em 2025, a Portas Abertas registrou pelo menos 97 casos de perseguição contra cristãos indígenas na Colômbia. “Nessas comunidades, as crenças tradicionais formam a base de toda a estrutura social e cultural. Por isso, aqueles que escolhem seguir a Cristo são frequentemente vistos como uma ameaça a esse equilíbrio delicado”, explica Laura Diaz*, membro da equipe de pesquisa da Portas Abertas Colômbia.
A Portas Abertas oferece apoio integral aos cristãos indígenas que enfrentam perseguição na Colômbia, por meio de treinamento jurídico, para que possam defender sua liberdade de crença; discipulado bíblico, com referências nas Escrituras para que estejam fortes e preparados para a perseguição e projetos de geração de renda, que apoiam e criam oportunidades de renda para cristãos excluídos socialmente, que conseguem dessa forma estratégias para sobreviver e também impactar as comunidades com o evangelho por meio de seus testemunhos.