Desde 2009, as manobras conhecidas como Zapad são realizadas a cada quatro anos entre o Exército russo e seus parceiros. Os exercícios estão sendo organizados de 12 a 16 de setembro em Belarus e ocorrem em meio à tensão entre a Rússia e a Otan.
“O objetivo desses exercícios é melhorar as competências dos comandantes, além de melhorar a cooperação e o treinamento em campo dos agrupamentos regionais e de coalizão das tropas”, afirmou o Ministério da Defesa russo no Telegram.
Desde que drones russos invadiram o espaço aéreo da Polônia, na noite de terça-feira (9) para quarta-feira (10), a tensão que já existia entre a Rússia, os países europeus e a Otan cresceu na região.
As tropas vão simular uma resposta a um ataque contra a Rússia e Belarus. A segunda fase das manobras será focada na “restauração da integridade territorial da União e na derrota do inimigo, com a participação de um grupo de forças de coalizão de Estados amigos”, segundo o ministério.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse na quinta-feira que os exercícios, inclusive os realizados perto da fronteira polonesa, não têm como alvo nenhum outro país. Belarus faz fronteira com três membros da Otan, Polônia, Lituânia e Letônia, ao oeste, e com a Ucrânia ao sul.
Nesta sexta-feira (12), o Kremlin afirmou que as preocupações europeias com os exercícios militares russos e bielorrussos são baseadas em ’emoções excessivas’ e hostilidade contra a Rússia. Peskov disse que os países da Europa Ocidental sofrem de uma “sobrecarga emocional” e que a Rússia não representa uma ameaça para eles.
“Exercícios não visam outros Estados”
Que mensagem será transmitida com essas manobras? Como de costume, Moscou alterna entre sinais de ameaça e de apaziguamento. Minsk, por sua vez, tenta minimizar seu impacto, alegando que a maioria dos exercícios ocorrerá longe das fronteiras europeias. “Eles não visam outros Estados”, reafirmou o porta-voz do Kremlin na quinta-feira (11).
No entanto, segundo uma declaração do ministro da Defesa de Belarus, em 13 de agosto, as tropas também planejam treinar o uso de armas nucleares e do novo sistema de mísseis “Orechnik”, um míssil balístico de médio alcance, que, segundo Moscou, é capaz de transportar ogivas nucleares.
A Polônia fecha fronteira com Belarus
Após a violação de seu espaço aéreo por cerca de vinte drones russos, a Polônia tomou medidas preventivas durante os exercícios militares conjuntos com seu aliado russo a partir desta sexta-feira (12). Varsóvia decidiu fechar completamente seus pontos de passagem na fronteira com Minsk e restringir o tráfego aéreo ao longo de sua fronteira oriental.
Com pelo menos 30 mil soldados russos e bielorrussos esperados perto das fronteiras polonesas como parte da operação Zapad-2025, o exercício é visto como uma agressão por Varsóvia, que optou por fechar seus dois postos rodoviários e três passagens ferroviárias que ainda ligavam o país à Belarus.
“Mesmo sendo cíclicos, esses exercícios representam uma ameaça e treinam cenários militares muito agressivos. Lembro que o espaço aéreo polonês foi violado a partir de Belarus. Portanto, é uma forma de mostrar ao presidente Lukashenko que a paciência acabou”, afirmou o ministro das Relações Exteriores polonês, Radoslaw Sikorski.
Já no verão europeu, Minsk havia avisado que essas manobras seriam uma oportunidade para utilizar os novos mísseis balísticos de ogivas múltiplas de seu aliado russo, o que preocupa a Polônia.
“Antes de invadir a Ucrânia, a Rússia também organizou exercícios militares. Agora, ela treina para atacar a Otan e para usar armas nucleares. Aprendemos nos últimos 500 anos que, quando a Rússia nos ameaça, é preciso levá-la muito a sério”, conclui o chefe da diplomacia polonesa.
A operação Zapad-2025 deve terminar na terça-feira (16), mas as autoridades polonesas decretaram o fechamento das fronteiras até novo aviso, caso as manobras dos vizinhos sejam prolongadas.
Fonte: RFI.