Policiais israelenses e manifestantes palestinos voltaram a se enfrentar nesta sexta-feira (22) na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, com um saldo de mais de 50 feridos, num momento de grande tensão que afeta inclusive a Faixa de Gaza.
Essas tensões ocorrem exatamente um mês depois de uma série de ataques violentos que deixaram 14 mortos em Israel. Desde então, um total de 24 palestinos, entre eles os autores destes ataques, morreram em incidentes ou confrontos com as forças israelenses na Cisjordânia ocupada.
Na madrugada desta sexta-feira, as forças de segurança de Israel entraram na Esplanada, terceiro lugar sagrado do Islã e local mais sagrado do judaísmo (que a chama de Monte do Templo), enquanto jovens palestinos atiraram pedras em sua direção.
“Agitadores de máscara e com bandeiras do (movimento radical islâmico) Hamas” atiraram pedras contra o Muro das Lamentações, o local sagrado para orações do judaísmo localizado na base da Esplanada das Mesquitas, afirmou a polícia israelense em um comunicado.
Os distúrbios deixaram pelo menos 57 feridos, dois deles em estado grave, informou o Crescente Vermelho palestino.
A tensão persistiu na Esplanada, com ataques de pedras e tiros de balas de borracha, na terceira sexta-feira do mês sagrado do Ramadã, que coincide com o fim da celebração da Pessach, a Páscoa judaica. Depois, ao meio-dia, milhares de pessoas conseguiram orar, em um momento mais calmo.
No entanto, um drone sobrevoou a Esplanada e lançou gás lacrimogêneo em parte dos fiéis, gerando cenas de pânico, observou a agência AFP.
A polícia afirmou que usou “meios para dispersar” uma multidão que tentava danificar uma de suas guaritas.
Durante a última semana, mais de 200 pessoas, em sua maioria palestinos, ficaram feridas dentro e nos arredores da Esplanada das Mesquitas.
Foguetes e bombardeios em Gaza
Em meio aos episódios de violência, o Hamas lançou foguetes a partir da Faixa de Gaza contra Israel, cujo exército respondeu com ataques aéreos ao território palestino de 2,3 milhões de habitantes.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, disse querer defender a Esplanada das Mesquitas.
Os disparos de foguetes a partir de Gaza nesta semana, que não deixaram feridos, são os maiores desde a sangrenta guerra dos 11 dias em maio de 2021 entre Hamas e Israel, após semanas de tensão em Jerusalém.
“Estamos profundamente preocupados com a escalada da violência nos Territórios Palestinos ocupados e em Israel há um mês”, declarou nesta sexta-feira Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
A presença na Esplanada das Mesquitas durante o Ramadã de um grande número de judeus – que têm autorização para visitar o lugar sob certas condições e em momentos específicos, sem rezar – e o envio das forças de segurança ao local sagrado, que fica na Cidade Antiga de Jerusalém, foram considerados uma “provocação” pelos palestinos e vários países da região.
Vários ministros árabes reunidos em Amã condenaram “os ataques e as violações israelenses contra os fiéis da mesquita de Al Aqsa”, um templo administrado pela Jordânia mas com os acessos controlados por Israel.
“Israel preserva e continuará preservando o ‘status quo’ no Monte do Templo, mas não aceitaremos em nenhum caso o lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza”, afirmou na quinta-feira o ministro das Relações Exteriores Yair Lapid.
Antes da declaração, Lapid se reuniu com a representante do Departamento de Estado americano para o Oriente Médio, Yaël Lempert, e com o emissário dos Estados Unidos para as relações israelense-palestinas, Hady Amr.
Os dois diplomatas americanos também se encontraram com dirigentes da Autoridade Palestina, que tem sede na Cisjordânia ocupada.
“O presidente (da Autoridade Palestina, Mahmoud Abas) pediu a intervenção urgente do governo americano para acabar de uma vez por todas com a escalada israelense nos Territórios Palestinos”, afirmou Hussein al Sheikh, funcionário de alto escalão da Autoridade Palestina.
Fonte: AFP.