A Estônia, pequeno Estado báltico onde vive uma minoria pró-Rússia, teme ser o próximo alvo de Vladimir Putin e conta com seus aliados para resistir. A ex-república soviética, hoje membro da União Europeia e da Otan, faz fronteira com a Rússia, cujo vasto território se estende por 11 fusos horários.
A revista L’Express desta semana conta que a proteção está sendo reforçada na fronteira, do lado estoniano. Grades de ferro impedem a passagem forçada de um veículo, mas não a entrada de um exército, em caso de agressão. Sobretudo, o país se preocupa com a chegada de imigrantes ilegais, o que as autoridades de fronteira acreditam ser uma questão de tempo.
Vítima de um ciberataque russo em larga escala, em 2007, a Estônia conhece as capacidades de Moscou. A capital Tallinn se prepara para responder a uma possível invasão militar, como aconteceu na Ucrânia.
Enquanto espera, a Estônia organiza as suas Forças Armadas. O país dispõe de 4.000 militares e 20.000 reservistas. O receio é que, em caso de um cessar-fogo com a Ucrânia, Vladimir Putin passe a olhar para o flanco oriental da Otan, onde os países bálticos são a parte mais vulnerável.
A Estônia também conta com uma liga paramilitar de defesa, criada em 1918, no momento da independência do país, e que se encarrega da proteção regional em caso de guerra e de certas missões de segurança nas cidades. Ela permite dobrar o número de combatentes do país e tem uma unidade reputada de defesa a ataques cibernéticos. São homens e mulheres prontos a combater voluntariamente por seu país.
Depois de ter sido incorporada à ex-União Soviética (URSS) em 1940, a Estônia recuperou sua independência em 1991. O país que buscou a neutralidade após a Segunda Guerra, hoje avalia que foi um erro histórico. O engajamento com a Europa e com a Otan vem do desejo de nunca mais ficar isolada.
A Estônia acredita no desenvolvimento econômico e na prosperidade gerados das relações com os outros países europeus e na proteção da aliança militar atlântica, à qual aderiu em 2004. O que assegura a confiança dos estonianos é o artigo 5 da Otan. Ele diz que uma agressão a um Estado pertencente à aliança é considerada um ataque contra todos e que não ficará sem resposta.
Juntamente com a Polônia, a Estônia vai investir 5% do PIB em defesa, como pediram os Estados Unidos, cansados de pagar a maior parte da conta pelas ações militares da aliança ocidental. A reafirmação de Washington sobre o engajamento dos Estados Unidos na defesa coletiva da Otan tranquilizou os países dos Balcãs, depois de Donald Trump ter deixado pairar dúvidas sobre a atuação dos EUA na defesa dos europeus.
A Estônia tem um plano de construir bunkers ao longo da fronteira com a Rússia, já vigiada por câmeras a cada 30 metros e que em breve receberá o reforço de drones. Operações militares conjuntas com os países da Otan permitem a vigilância aérea com uso de caças estrangeiros, incluindo os modelos Rafale franceses.
Fonte: RFI.