Um antigo mistério envolvendo o Triângulo das Bermudas acaba de ganhar uma explicação. Pesquisadores descobriram por que o arquipélago nunca afundou mesmo após milhões de anos sem atividade vulcânica.
O que aconteceu
Cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, identificaram uma estrutura geológica inédita sob Bermudas, que mantém a ilha elevada. O estudo foi publicado na revista científica Geophysical Research Letters.
A descoberta revela a existência de uma camada extra de rocha com cerca de 20 quilômetros de espessura. Está posicionada abaixo da crosta oceânica e dentro da placa tectônica sobre a qual Bermudas está assentada.
Segundo os pesquisadores, uma formação com essa espessura nunca havia sido registrada em outros pontos do planeta. De modo geral, a crosta oceânica repousa diretamente sobre o manto terrestre, sem camadas intermediárias, o que torna o caso excepcional.
Normalmente, você tem a base da crosta oceânica e, em seguida, espera-se que venha o manto. Mas, em Bermudas, existe essa outra camada localizada abaixo da crosta, dentro da placa tectônica sobre a qual a ilha está situada,
Os cientistas analisaram registros de ondas sísmicas de grandes terremotos ocorridos em diferentes partes do mundo. Assim, conseguiram obter imagens das rochas cerca de 50 km abaixo das ilhas Bermudas. A análise revelou uma camada de rocha excepcionalmente espessa e menos densa do que o material ao redor.
O estudo aponta que essa camada pode estar sustentando a elevação oceânica onde Bermudas se encontra. Por isso, mantém o solo acima do nível esperado mesmo após mais de 30 milhões de anos sem vulcanismo ativo.
Para os pesquisadores, a estrutura provavelmente é um remanescente de material vulcânico antigo. Foi formada durante a última fase de atividade vulcânica da região e teria se solidificado como uma espécie de plataforma geológica.
A geóloga Sarah Mazza reforça essa interpretação: “Ainda existe material remanescente dos tempos de vulcanismo ativo sob as Bermudas, que está ajudando a sustentá-las como uma área de alto relevo no Oceano Atlântico”, afirmou ao Live Science.
Fenômeno único?
O Triângulo das Bermudas é historicamente associado a relatos de mistério. A região, localizada no Atlântico Norte, entre os Estados Unidos, as Bermudas e Porto Rico, ficou famosa por histórias de navios e aeronaves que teriam desaparecido sem explicação, especialmente em décadas passadas.
Há também relatos de falhas em bússolas e instrumentos que supostamente deixariam de funcionar. No entanto, cientistas explicam que a área concentra fenômenos naturais intensos, como tempestades tropicais rápidas, fortes correntes marítimas e a possibilidade de ondas gigantes, fatores que podem explicar esses acontecimentos.
Agora, a próxima etapa do estudo será analisar outras ilhas oceânicas ao redor do mundo. O objetivo dos pesquisadores é verificar se existem camadas semelhantes à encontrada sob as Bermudas ou se o arquipélago é realmente único.
Segundo William Frazer, a pesquisa é fundamental para compreender melhor como ilhas oceânicas se formam e para avançar no entendimento dos processos geodinâmicos profundos da Terra. “Compreender um lugar como as Bermudas nos ajuda a distinguir quais processos são comuns na Terra e quais representam fenômenos extremos”, concluiu o pesquisador.
Fonte: UOL.
