Mais de 166 pessoas foram mortas durante protestos antigoverno na Etiópia na semana passada, informou o governo neste domingo (5), enquanto a capital e outras regiões permanecem vigiadas por forças de segurança e um fechamento geral da internet entra no sexto dia.
Grandes protestos eclodiram em Addis Abeba e se espalharam para a região de Oromia na segunda-feira à noite, depois que o popular músico oromo Haacaaluu Hundeessaa foi morto a tiros por pistoleiros desconhecidos em um assassinato que o primeiro-ministro Abiy Ahmed disse ser “um ato maligno”.
Haacaaluu cantou na língua oromo do maior grupo étnico da Etiópia. Seu assassinato ocorreu em meio a queixas alimentadas por décadas de repressão governamental e ao que a população oromo descreve como sua exclusão histórica do poder político.
O governo disse inicialmente que 80 pessoas foram mortas durante os protestos, que duraram dois dias. A agitação é a mais mortal desde que Abiy, que é oromo, assumiu o poder em 2018 com a promessa de abrangentes reformas.
Confrontos na Etiópia
Sons de tiros ecoaram em muitos bairros, e grupos armados com facões e varas percorriam as ruas. Seis testemunhas descreveram uma situação em que jovens de origem oromo se chocaram com alguns dos outros grupos étnicos da cidade, e em que os dois lados tiveram atritos com a polícia.
Uma família oromo disse que uma gangue armada tentou invadir seu complexo. A polícia reagiu, mas disse que não podia ficar por estar recebendo muitos outros chamados.
Os militares foram mobilizados em algumas áreas, disseram três testemunhas. Uma descreveu uma rua coberta de pedras que manifestantes hostis aos oromos atiraram contra a polícia.
Muitos moradores temem que o funeral de Haacaaluu, que deve acontecer na quinta-feira em sua cidade-natal de Ambo, provoque mais violência.
Fonte: Reuters.