Os EUA estão aumentando o risco de um impasse nuclear entre as principais potências do mundo, em um esforço para recuperar a dominação global, ao se afastarem dos últimos pactos de controle de armas ainda existentes, alertou o diplomata-chefe da Rússia.
“Eu concordo que os riscos nucleares aumentaram substancialmente no passado recente”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em uma audiência no fórum de destaque de Primakov Readings nesta sexta-feira (10).
As razões para isso são “óbvias”, esclareceu o ministro. “Os EUA querem recuperar o domínio global e alcançar a vitória no que eles chamam de uma grande competição de energia”, acrescentou.
Lavrov afirmou que Washington recusa a noção de “estabilidade estratégica” e chama de “rivalidade estratégica”. “Eles querem ganhar”, completou.
“Estamos particularmente preocupados com a recusa bienal dos EUA em reafirmar um princípio fundamental: a premissa de que não pode haver vencedores em uma guerra nuclear e, portanto, nunca deve ser desencadeada”, sentenciou Lavrov.
O ministro russo sugeriu que Washington quer desmontar todo o mecanismo de controle de armas. O governo do presidente estadunidense Donald Trump retirou-se no ano passado do Tratado das Forças Nucleares de Alcance Intermediário de 1987, que proíbe ambos os lados de estacionar mísseis terrestres de curto e médio alcance na Europa.
Essa retirada também colocou em risco o novo tratado START, assinado com a Rússia em 2010. O acordo definiu que tanto os EUA e quanto a Rússia reduziriam suas ogivas para 1.550 cada um e seus lançadores para 800. Ele vai expirar em 2021, mas Lavrov avaliou nesta sexta-feira (10) que não estava otimista quanto à uma extensão.
Segundo o ministro das Relações Exteriores russo, a decisão dos EUA de não renovar o Novo START já é uma realidade e o destino do pacto “está selado”.
Washington insiste em que a renovação das negociações seja trilateral, com a China participando das discussões. Pequim informou que “ficaria feliz” em participar das negociações – mas apenas se os EUA estivessem dispostos a reduzir seu arsenal nuclear ao nível da China, que é cerca de 20 vezes menor.