O governo dos Estados Unidos afirmou nesta quinta-feira (15) que a Rússia conseguiu desenvolver uma arma antissatélite “preocupante”, mas disse que ela não pode causar “destruição física” direta na Terra.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os agentes de inteligência dos EUA têm informações de que a Rússia conseguiu desenvolver a tecnologia, mas que a arma ainda não está operacional.
Os funcionários dos EUA estão analisando as informações que têm sobre a nova tecnologia e consultaram aliados e parceiros sobre o assunto.
“Não estamos falando de uma arma que possa ser usada para atacar seres humanos ou causar destruição física aqui na Terra”, disse Kirby.
Durante uma entrevista coletiva, jornalistas perguntaram a Kirby se a arma para destruir satélites é nuclear, e o porta-voz não respondeu.
Deputado do Partido Republicano ‘vazou’ a história
O deputado Mike Turner, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados dos EUA, foi quem disse, na quarta-feira, que o país está sob “séria ameaça à segurança nacional”.
Poucas horas depois, militares dos EUA disseram ao jornal “New York Times” que a Rússia está desenvolvendo uma arma nuclear espacial antissatélite. Fontes ouvidas pela Reuters também confirmaram que a ameaça estaria ligada a operações no espaço envolvendo a Rússia e alertaram seus aliados na Europa que isso poderia representar uma ameaça internacional.
Segundo as autoridades ouvidas pelo jornal norte-americano, a arma ainda estaria em fase de desenvolvimento, e a Rússia não a havia colocado em órbita. Por isso, apesar da informação revelar uma “séria ameaça à segurança nacional” dos EUA, as fontes disseram que não representava uma ameaça urgente para o país, seus aliados na Europa ou a Ucrânia.
Em comunicado, Mike Turner afirmou que o Comitê de Inteligência disponibilizou a informação a todos os membros do Congresso norte-americano. O deputado também pediu que Joe Biden retirasse a confidencialidade das informações relacionadas à ameaça.
“Solicito que o Presidente Biden retire a confidencialidade de todas as informações relacionadas a esta ameaça para que o Congresso, a Administração e nossos aliados possam discutir abertamente as ações necessárias para responder a esta ameaça”, disse Turner.
Mike Turner e seu escritório não deram mais detalhes sobre a ameaça.
Duas fontes ouvidas pela Reuters disseram que a ameaça está relacionada à Rússia e a operações no espaço e que a questão é considerada altamente confidencial, mas sem compartilhar detalhes adicionais.
Nesta semana, a Rússia usou pela primeira vez o míssil hipersônico Zircon, que é capaz de viajar a uma velocidade nove vezes maior que a do som. Esse míssil faz parte de um grupo de seis artefatos da frota russa que o presidente do país, Vladimir Putin, chamou de “invencíveis”. Veja mais detalhes sobre o Zircon.
Após o comunicado de Turner, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que há uma reunião dos principais legisladores de Inteligência do país agendada para esta quinta-feira (15) para tratar do assunto.
“Estou um pouco surpreso que Turner tenha divulgado publicamente essa ameaça hoje, antes de uma reunião que já estava agendada, em que irei me sentar junto dele e de nossos profissionais de Inteligência e Defesa amanhã”, afirmou o conselheiro.
Sullivan também não compartilhou mais detalhes sobre a ameaça.
Os senadores Mark Warner e Marco Rubio, presidente democrata e vice-presidente republicano do Comitê de Inteligência do Senado, emitiram uma declaração conjunta dizendo que não há motivo para pânico e que o comitê tem a inteligência em questão e está monitorando rigorosamente o assunto.
“Continuamos levando este assunto a sério e estamos discutindo uma resposta apropriada com a administração. Enquanto isso, devemos ser cautelosos ao potencialmente divulgar fontes e métodos que podem ser chave para preservar uma variedade de opções para ação dos EUA”, afirmam na declaração.
Segundo uma fonte ouvida pela Reuters, Warner e Rubio foram informados sobre a ameaça há duas semanas. A fonte disse ainda que o problema tem alguma relação com um projeto de lei de gastos com segurança que tramita no Congresso norte-americano, mas que não há uma ligação direta entre eles.
A administração de Biden tem intensificado as críticas aos republicanos da Câmara dos Deputados pela possibilidade do bloqueio de um projeto de lei de US$ 95 bilhões aprovado pelo Senado que forneceria ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan. Os defensores do projeto argumentam que uma das principais razões para os Estados Unidos apoiarem o governo em Kiev é se defender contra ameaças da Rússia que se estendem além da Ucrânia.
Fonte: G1.