Os dois países reaqueceram as negociações e fizeram novos ajustes no acordo que vem sendo discutido há tempos, sob o qual garantias de segurança seriam oferecidas a Riad além de normalizar laços com Israel. Contudo, na reformulação, o Reino Saudita teria maior acesso a armas norte-americanas e limitação de tecnologia chinesa.
Desde o ano passado que o acordo entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, o qual abarca Tel Aviv, está sendo amplamente discutido e chegou perto de ser concretizado, mas a guerra na Faixa de Gaza esfriou seu andamento.
Agora, o governo Biden e os sauditas resolveram retomar as negociações. As tratativas entre Washington e Riad aceleraram recentemente, e muitas autoridades estão otimistas de que poderão chegar a um acordo dentro de semanas, segundo fontes envolvidas com o assunto e ouvidas pela Bloomberg.
Em sua visita à Arábia Saudita na segunda-feira (29), o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que os dois lados fizeram “um trabalho intenso juntos nos últimos meses”.
“O trabalho que a Arábia Saudita e os Estados Unidos têm feito em conjunto em termos dos nossos próprios acordos, penso eu, está potencialmente muito próximo da conclusão”, afirmou.
No mesmo dia, o chanceler saudita Faisal bin Farhan disse que um acordo estava “muito, muito próximo”.
O pacto poderá oferecer à Arábia Saudita um acordo tão forte que vai gerar aprovação do Senado dos EUA e até dar a Riad acesso a armas avançadas dos EUA que anteriormente estavam fora dos limites, relata a mídia.
Ao mesmo tempo, o premiê saudita Mohammed bin Salman concordaria em limitar a tecnologia chinesa das redes mais sensíveis do seu país em troca de grandes investimentos dos EUA em inteligência artificial (IA) e computação quântica, e obteria ajuda estadunidense para desenvolver o seu programa nuclear civil.
As últimas conversas representam uma mudança na abordagem da administração Biden e de bin Salman. Tal como concebido originalmente, o acordo teria sido tripartido que forjou as relações diplomáticas saudita-israelenses, juntamente a um maior investimento e integração na região.
O pacto vai potencialmente remodelar o Oriente Médio, além de reforçar a segurança de Israel e da Arábia Saudita, fortaleceria a posição dos EUA na região à custa do Irã e da China, analisa a Bloomberg.
Segundo a mídia, assim que os dois países concluírem o acordo, apresentarão ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, uma escolha: aderir, o que implicaria laços diplomáticos formais com a Arábia Saudita pela primeira vez, mais investimento e integração regional, ou ficar atrás.
Contudo, as condições-chave para Netanyahu seriam algo que ele já disse que “sob seu governo não vai acontecer”: acabar com a guerra em Gaza e concordar com um caminho para a criação de um Estado palestino.
Porém, se o governo israelense decidir não aderir ao acordo, persuadir os legisladores norte-americanos a aprovar um acordo que comprometa Washington a proteger militarmente Riad seria uma perspectiva assustadora para a Casa Branca, visto que muitos congressistas continuam cautelosos em relação à liderança de bin Salman, escreve a mídia.
Ainda assim, os líderes dos três países têm muitos incentivos para chegarem a um acordo em breve, diz a Bloomberg.
Para Biden, é uma oportunidade de vitória na política externa antes das eleições presidenciais dos EUA. Bin Salman evitaria a incerteza sobre se o ex-presidente Donald Trump aceitaria um acordo caso vencesse a corrida. Já Netanyahu, o mais imprevisível, poderia receber o crédito pela normalização das relações com a maior economia do Oriente Médio – um objetivo que há muito cobiça.