O Ministério de Relações Exteriores (MRE) da Coreia do Norte acusou os Estados Unidos de estarem se preparando para um cenário de guerra nuclear contra os norte-coreanos em razão da escalada deliberada de tensões na Península Coreana.
“Devido às contínuas ações militares imprudentes dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, a situação dentro e ao redor da península coreana entrou mais uma vez em uma grande fase de confronto. […] A península coreana se transformou em um ponto crítico onde as tensões militares são as mais altas do mundo, e a situação de segurança na região se tornou ainda mais grave”, disse o MRE em comunicado.
De acordo com um porta-voz do MRE, em nenhum lugar do mundo existem exercícios militares que sejam tão “claramente agressivos” em termos de tempo, escopo, conteúdo e intensidade quanto os exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e seus aliados.
Pyongyang acredita que as acusações dos EUA contra a Coreia do Norte de agravar a situação na península da Coreia são “absurdas” e afirma que Washington não poderá esconder sua “essência de instigador” da crescente tensão.
“Todos os fatos mostram claramente que o cenário de guerra nuclear dos EUA contra a Coreia do Norte entrou em sua fase final. Os Estados Unidos, o único país do mundo que faz do ‘fim do poder’ de um estado soberano o principal objetivo de estratégia nuclear, devem estar preparados para pagar um preço igual no caso de uma tentativa de uso da força contra a RPDC. Estamos prontos para tomar todas as medidas necessárias para proteger a soberania do Estado, a segurança do povo e a integridade territorial de ameaças militares externas. Se os Estados Unidos ainda recorrerem a provocações militares sérias, consideraremos medidas de retaliação mais sérias”, disse o comunicado.
Os norte-coreanos afiram que os exercícios militares conjuntos EUA-Coreia do Sul começaram com um exercício de posto de comando em grande escala em abril, seguido pelo exercício militar Ulchi Freedom Shield em agosto, que inclui treinamento de campo pela primeira vez em quatro anos. E desde então, os aliados não pararam de realizar algum tipo de exercício, seja no mar ou no ar, inclusive com a participação de um porta-aviões nuclear.
De 17 a 28 de outubro, foi realizado o exercício anual em larga escala do exército sul-coreano Hoguk e, de 31 de agosto a 4 de novembro, está ocorrendo o maior exercício de aviação conjunto EUA-Coreia da Coreia do Sul, Tempestade Vigilante.
Essa operação aérea dura até 4 de novembro e envolve cerca de 140 aeronaves da Força Aérea da Coreia do Sul, incluindo caças F-35A, F-15K, KF-16, uma aeronave de reabastecimento KC-330, e do lado norte-americano, cerca de uma centena de aeronaves, incluindo caças F-35B, um avião de inteligência eletrônica EA-18, avião espião U-2. Além disso, tropas do Corpo de Fuzileiros Navais, da Marinha dos EUA e do Exército dos EUA são enviadas para os exercícios. Pela primeira vez, um avião-tanque KC-30A da Força Aérea Australiana e um caça furtivo F-35B da Base Aérea de Iwakuni, no Japão, se juntarão aos exercícios na Coreia do Sul.
Desde 25 de setembro, em resposta aos exercícios da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, a Coreia do Norte já realizou nove testes de mísseis, incluindo um míssil balístico de médio alcance do tipo Hwaseong-12, que sobrevoou o Japão, batendo o recorde de 4,5 mil quilômetros para a Coreia do Norte, a altitude de voo foi de 1.000 quilômetros. Além disso, nas últimas duas semanas, foram realizados vários disparos de artilharia, exercícios da Força Aérea e unidades nucleares táticas. No total, desde o início do ano, a RPDC realizou 28 lançamentos de mísseis, três deles foram testes de mísseis de cruzeiro.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia observou que a situação na península coreana está se deteriorando e os lançamentos da Coreia do Norte foram provocados pelas ações da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.