Um ex-gerente de investimentos denunciou a igreja Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, nos Estados Unidos, de acumular um fundo de 100 bilhões de dólares (cerca de R$ 400 bilhões de reais) que deveriam ser destinados à caridade. As informações são do jornal americano “The Washington Post”, que teve acesso a uma cópia do documento de acusação.
O documento é confidencial e foi entregue à receita federal americana no dia 21 de novembro. O Post teve acesso ao documento através do irmão do acusador. Nele, o acusador diz que os líderes da igreja enganaram os membros, cobrando o dízimo quando a instituição já tem uma enorme reserva no fundo, acumulando este dinheiro em vez de destiná-lo a trabalhos de caridade, além de violar as regras fiscais americanas.
A denúncia foi feita por David A. Nielsen, de 41 anos, Mórmon que trabalhou até setembro na parte financeira da igreja, em uma empresa chamada Ensign Peak Advisors.
Nos Estados Unidos, organizações sem fins-lucrativos são isentas de impostos, isso inclui grupos religiosos. A Ensign é registrada junto às autoridades como organização de apoio da Igreja Mórmon. Isso isentaria a empresa de impostos sobre sua fortuna contanto que utilize o valor para fins religiosos, educacionais e de caridade. Algo que Nielsen alega que a empresa não fazia.
Nielsen pediu à receita que retirasse o status de organização sem fins lucrativos da empresa e alegou que a Ensign poderia dever bilhões em impostos.
Em comunicado na segunda-feira, a igreja disse que não discute transações financeiras específicas. Ontem, porém, após a publicação da primeira versão da história no Post, a igreja disse que leva a sério sua responsabilidade de cuidas das doações dos membros.
“As reivindicações em circulação no momento são baseadas em uma perspectiva estreita e em informações limitadas”, disse uma declaração atribuída à Primeira Presidência da Igreja, seu principal órgão. “A Igreja cumpre todas as leis aplicáveis”.
Segundo a denúncia, a igreja recebe anualmente 7 bilhões de dólares em contribuições dos membros por meio do dízimo – no qual o fiel paga 10% de sua renda -, desses, 6 bilhões são usados para cobrir custos operacionais e 1 bilhão é transferido para a Ensign que aplica parar gerar retorno.
Com base em documentos de contabilidade de fevereiro de 2018, a denúncia aponta que a renda da igreja aumentou de 12 bilhões de dólares em 1997, quando a Ensign foi formada, para cerca de 100 bilhões de dólares hoje.
A igreja também possuiria imóveis de bilhões de dólares obtidos pelo dízimo. Segundo a denúncia, ao acumular este dinheiro a Ensign não financia diretamente nenhuma atividade religiosa, educacional ou de caridade há 22 anos.
Em comunicado, a igreja disse que o fundo é uma reserva para o futuro. “Ao longo de muitos anos, uma parte é protegida metodicamente por meio de uma sábia gestão financeira e da construção de uma reserva prudente para o futuro. Esse é um sólido princípio doutrinário e financeiro ensinado pelo Salvador na Parábola dos Talentos e vivido pela Igreja e seus membros. Todos os fundos da Igreja existem por nenhuma outra razão senão apoiar a missão divinamente designada da Igreja”.
Fonte: UOL.