Os Estados Unidos impuseram novas sanções ao Irã nesta quarta-feira (18) e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, defendeu que desfazer as ações do governo Trump contra Teerã seria perigoso.
Os Departamentos do Tesouro e de Estado dos EUA desta vez anunciaram como alvo uma importante instituição de caridade iraniana e várias de suas afiliadas por violações dos direitos humanos. Pompeo divulgou um comunicado intitulado “A Importância das Sanções ao Irã”, que argumenta que os movimentos do governo Trump contra o país do Oriente Médio tornaram o mundo mais seguro e não deveriam ser revertidos.
As sanções anunciadas na quarta-feira têm como alvo a Fundação Mostazafan e cerca de 160 de suas subsidiárias, que supostamente dão apoio ao Líder Supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, para atividades que os Estados Unidos condenam, incluindo a repressão de dissidentes.
“Embora seja ostensivamente uma organização de caridade encarregada de fornecer ajuda aos pobres e oprimidos, suas propriedades são expropriadas do povo iraniano e usadas pelo Líder Supremo Ali Khamenei para enriquecer seu gabinete, recompensar seus aliados políticos e perseguir os inimigos do regime ”, disse o Departamento do Tesouro em seu comunicado.
Também é alvo das sanções o ministro da Inteligência do Irã, Mahmoud Alavi, que os EUA alegam “ter desempenhado um papel central nos abusos dos direitos humanos do regime iraniano contra os seus cidadãos”.
Muitas das sanções complementam ações anunciadas antes, adicionando outra camada a elas. Elas vêm enquanto o governo americano atual tenta aumentar a pressão sobre o Irã antes que o presidente eleito Joe Biden tome posse.O democrata disse que deseja retomar a reaproximação com o Irã que começou no governo Obama, mas foi suspoensa com Trump.
Pompeo disse que as sanções impostas contra o Irã foram “extraordinariamente eficazes” na redução da ameaça representada pelo país. Ele disse que eles cortaram a receita do Irã em centenas de bilhões de dólares.
“As sanções fazem parte das pressões que criam um novo Oriente Médio, que reúne países que sofrem as consequências da violência do Irã e buscam uma região mais pacífica e estável que antes”, disse ele em nota. “Reduzir essa pressão é uma escolha perigosa, destinada a enfraquecer novas parcerias para a paz na região e fortalecer apenas a República Islâmica.”
Pompeo disse que, em seu tempo restante, o governo Trump continuará a impor sanções ao Irã, bem como a governos estrangeiros e empresas que as violarem.
Pouco antes do anúncio do governo americano, o Irã declarou que pode voltar a aplicar “automaticamente” seus compromissos em matéria nuclear se o governo Biden levantar as sanções contra Teerã, segundo seu ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif.
“Os Estados Unidos podem respeitar seus compromissos (…) e nós respeitaremos os nossos (…). Não é preciso negociar nem estabelecer condições para isso”, disse.
“Se os Estados Unidos respeitarem a resolução (2231 do Conselho de Segurança da ONU), se as sanções forem levantadas e não houver nenhum obstáculo para as atividades econômicas do Irã, então o Irã, tal e como anunciou, respeitará seus compromissos” em matéria nuclear, continuou.
Desde que as sanções voltaram a ser aplicadas, o Irã mergulhou em uma grande recessão. Como resposta, Teerã foi-se desvinculando dos compromissos que adquiriu ao assinar este acordo, embora sempre tenha-se mostrado disposto a cumprir suas obrigações, se os Estados Unidos deixassem de aplicar as sanções.
“É muito bom que Biden queira voltar” ao Acordo de Viena, mas “é preciso esclarecer que o Irã não aceitará condições”, disse Zarif nesta quarta-feira (18).
Um relatório da agência atômica da Organização das Nações Unidas (ONU) obtido pela Reuters nesta quarta-feira aponta que o Irã acionou centrífugas avançadas de enriquecimento de urânio instaladas no subterrâneo de sua usina de Natanz, em uma nova violação do acordo.
Natanz é a principal instalação de enriquecimento de urânio do Irã e aquela que recentemente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu opções para atacar, de acordo com uma fonte que confirmou uma reportagem do jornal New York Times.