Funcionários do Departamento de Estado e do Departamento de Energia dos EUA estão estudando maneiras de retirar as suas armas nucleares táticas da base aérea turca de Incirlik, na Turquia.
Segundo o jornal norte-americano The New York Times, trata-se de cerca de 50 bombas nucleares B61 localizadas a cerca de 400 km da fronteira com a Síria.
Funcionários norte-americanos ouvidos pelo jornal dizem que as bombas são “reféns” do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e que retirá-las agora seria o equivalente a colocar um ponto final na aliança entre a Turquia e os EUA.
A retirada dessas armas do território turco é discutida desde a gestão de Barack Obama, mas as conversas inconclusivas levaram os países à situação delicada de agora.
Para um eventual uso das ogivas, os EUA teriam que fornecer os bombardeiros necessários, já que a Turquia não tem nenhum avião certificado para carregar armas nucleares.
Turquia sem armas nucleares é ‘inaceitável’
A Turquia é membro do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) desde 1980, portanto renunciou ao desenvolvimento e uso de armas atômicas.
No entanto, no dia 5 de setembro deste ano, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan classificou de “inaceitável” o fato de seu país não poder se armar nuclearmente.
Relíquias da Guerra Fria
As bombas B61 instaladas em Incirlik são consideradas uma relíquia da Guerra Fria e não têm operacionalidade em nenhum plano de guerra atual, segundo as fontes ouvidas pelo jornal.
A primeira vez que os Estados Unidos instalaram bombas nucleares na Turquia foi em 1959. Na época, mísseis Júpiter foram instalados para conter a União Soviética, que reagiu instalando mísseis na ilha de Cuba, desencadeando a famosa Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962.
Crise na aliança Turquia–EUA
No dia 9 de outubro, a Turquia iniciou a operação Fonte de Paz na região nordeste da Síria.
Os objetivos da operação, segundo declarou Ancara, seriam enfraquecer as milícias curdas na região fronteiriça, além de criar uma zona de segurança para repatriar refugiados que permanecem em solo turco.
As forças curdas na Síria contavam com apoio financeiro e militar dos EUA, que retiraram as suas tropas antes do início da operação turca.
No entanto, em resposta ao início da operação, o Departamento do Tesouro norte-americano impôs sanções contra os ministérios da Defesa e de Energia da Turquia, assim como aos ministros titulares das pastas.
Fonte: Sputnik.