Em um comunicado conjunto divulgado nesta segunda-feira (22), o observatório europeu Copernicus e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) lançaram luz sobre uma preocupante realidade: o derretimento acelerado das geleiras europeias, especialmente nos imponentes Alpes.
De acordo com o relatório, entre os anos de 2022 e 2023, a cordilheira testemunhou uma perda significativa de aproximadamente 10% de seu volume de gelo. Esse fenômeno, amplamente atribuído às altas temperaturas registradas durante o verão europeu, tem despertado preocupações sobre os impactos ambientais e sociais na região.
Francesca Guglielmo, cientista sênior do Copernicus, afirmou ao g1 que “a exposição ao calor excessivo pode ter uma ampla gama de impactos fisiológicos no corpo humano, afetando os principais órgãos e sistemas e, muitas vezes, agravando condições existentes. Isso pode resultar até em mortes prematuras”.
As análises apontam para uma série de consequências diretas desse derretimento. Em termos hidrológicos, a diminuição do gelo implica em uma redução na reserva de água no solo, afetando a disponibilidade de recursos hídricos durante o período de degelo na primavera. Enquanto isso, em uma escala mais física, a exposição de superfícies mais escuras devido à diminuição da cobertura de neve resulta em uma absorção de calor mais intensa, elevando as temperaturas médias nessas áreas.
Consequências do derretimento de gelo
Além disso, o relatório destaca uma série de outros fenômenos relacionados às mudanças climáticas que impactaram a Europa. Entre eles, está o registro de temperaturas recordes ao longo do ano de 2023, com os termômetros marcando valores acima da média durante 11 meses consecutivos. Esse calor extremo contribuiu para um aumento nos casos de “estresse térmico”, levando a uma preocupante tendência de aumento na taxa de mortalidade relacionada ao calor.
Outra consequência observada foi o aquecimento dos oceanos que banham o continente europeu, resultando em mudanças significativas nos padrões de chuva. O relatório aponta que a temperatura média das águas atingiu níveis sem precedentes, enquanto as chuvas aumentaram em 7% em relação à média histórica.
“Muitos dos diversos eventos extremos observados podem ser atribuídos às alterações climáticas e devem se tornar mais frequentes, intensos e durar mais tempo”, prevê a porta-voz do Copernicus, ainda ao g1.
No norte, o Ártico também sentiu os efeitos do aquecimento global, com o ano de 2023 marcando o sexto ano mais quente já registrado na região. Isso se refletiu em uma redução contínua na extensão de gelo no Mar Ártico, com mínimos históricos em setembro. Diante dessas constatações, o relatório reforça a urgência de medidas globais para enfrentar as mudanças climáticas e mitigar seus impactos cada vez mais visíveis e preocupantes.
Fonte: Perfil.