O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou nesta segunda-feira (2) a expansão da frota britânica de submarinos de ataque e novos investimentos em ogivas nucleares para responder ao aumento das tensões globais e a “crescente” ameaça representada pela Rússia.
Segundo Starmer, 12 novos submarinos de propulsão nuclear farão parte do seu plano de rearmamento, que tem como objetivo criar um “país blindado e pronto para a batalha”. “A ameaça russa não pode ser ignorada”, disse o premiê.
“A ameaça está cada vez mais séria, mais imediata e mais imprevisível do que em qualquer outro momento desde a Guerra Fria”, afirmou Starmer em Glasgow, Escócia, onde anunciou o plano em uma plataforma com o slogan “Securing Britain’s Future (Garantindo o Futuro da Grã-Bretanha, em tradução livre)”.
O anúncio de Starmer segue a tendência de outros países europeus, à medida que todo o continente aumenta investimentos militares para se preparar para um eventual cenário de guerra contra a Rússia, caso o conflito na Ucrânia evolua. Os países da Otan têm aumentado a parcela do PIB que destinam à Defesa após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter provocado a Europa para assumir mais responsabilidade por sua própria segurança.
O ministro britânico da Defesa, John Healey, foi ainda mais claro no domingo em declarações à rede britânica “BBC”. Em sua opinião, a nova estratégia de rearmamento é “uma mensagem dirigida a Moscou”, aludindo à “crescente” ameaça representada pela Rússia desde a invasão da Ucrânia em 2022.
Os 12 submarinos de propulsão nuclear encomendados faz parte do programa de sua aliança militar Aukus com os Estados Unidos e a Austrália.
A Revisão Estratégica de Defesa desta segunda-feira vai propor que as forças armadas britânicas entrem em um estado de “prontidão para combate” e revertam o declínio militar observado desde o fim da Guerra Fria.
Apesar dos cortes no orçamento militar nos últimos anos, o Reino Unido ainda figura, ao lado da França, como uma das principais potências militares da Europa, com seu exército ajudando a proteger o flanco leste da Otan e sua marinha mantendo presença no Indo-Pacífico.
Investimento nuclear
Starmer também confirmou em Glasgow que o Reino Unido planeja investir 15 bilhões de libras (R$ 115 bilhões) em seu programa de produção de ogivas nucleares.
O anúncio faz parte do “fortalecimento de nossa dissuasão nuclear como a garantia máxima de nossa segurança”, disse o líder trabalhista.
Entre as medidas anunciadas em Glasgow está a criação de seis novas fábricas de munições, com um investimento de 1,5 bilhão de libras (US$ 2,017 bilhões ou R$ 11,5 bilhões).
Antes do anúncio na Escócia, Starmer realizou extensas aparições na mídia para alertar sobre o anúncio de investimentos em rearmamento e defesa.
“O mundo mudou e estamos entrando em uma nova era”, disse o líder trabalhista à BBC 4 nesta segunda-feira, pouco antes dos anúncios em Glasgow.
No domingo, em artigo publicado no tabloide The Sun, ele sinalizou sua intenção de “restaurar a capacidade de combate do Reino Unido como objetivo central de nossas forças armadas”.
“Trata-se de reunir todas as capacidades que temos, de drones a artilharia, inteligência e instinto humano, para construir uma máquina de combate formidável e integrada”, insistiu.
“Somos diretamente ameaçados por Estados com forças militares avançadas, então devemos estar preparados”, enfatizou Starmer no domingo, citando Rússia, Irã e Coreia do Norte, mas não a China.
O governo britânico intensificou seus esforços nos últimos meses para acalmar as relações com Pequim, que se deterioraram sob governos conservadores anteriores.
A segurança da Europa e o papel do Reino Unido na Otan estão no cerne da missão liderada pelo ex-ministro e secretário-geral da Otan, George Robertson, em nome do governo, em um momento em que os Estados Unidos pressionam seus aliados da Otan a investirem mais em sua defesa.
O Reino Unido também planeja adaptar suas Forças Armadas à crescente implantação de novas tecnologias, como inteligência artificial e drones, que alteram a natureza dos conflitos. Na semana passada, John Healey anunciou a criação de um comando dedicado a capacidades cibernéticas, tanto defensivas quanto ofensivas.
Fonte: G1.